4.12.12

De quando perdemos


"Eu que já não sou assim
muito de ganhar,
junto as mãos ao meu redor
Faço o melhor que sou capaz
só pra viver em paz."

Los Hermanos




Perder é difícil, mas a lógica é aceitar.


Eu perco coisas o tempo inteiro, perco a hora de chegar ao trabalho, perco o trabalho porque perdi a hora, perco o ônibus que tá mais vazio, perco o guarda-chuva no ônibus lotado que peguei porque perdi o ônibus vazio, perco a paciência porque perdi as chaves dentro da bolsa, perco o chão quando vejo quem amo, perco quem amo...

Nem sempre acreditamos que foi isso mesmo que aconteceu, tentamos e insistimos novamente, só que mais cedo ou mais tarde nos daremos conta de que já foi, já era... Ao menos é assim que funciona comigo.

Quando algo se perde, eu esqueço.



Imagine se ficássemos lembrando e reclamando de cada guarda-chuva perdido ou se fossemos chorar e espernear cada vez que perdêssemos o ônibus! Vasculhar a casa sem parar procurando as chaves, se deprimir pelo amor que não existe mais, tentar inutilmente reconstruir uma amizade falida. Reclamar da barriguinha que perdeu, ninguém reclama!

As coisas se perdem, acabam... são finitas, assim como nós.



Já perdi muita coisa na vida mas nada é pior do que saber de uma amizade perdida nesse limbo da indiferença, sou inocente da indiferença, quando me chateio com alguém sinto tudo menos indiferença, sou raivosa, vingativa, rancorosa. Intensa em tudo, apesar de amar muito, detesto com a mesma intensidade que amo, ainda bem que sou de poucos inimigos... escorpiana que sou, teria trabalho demais!

Dia desses perdi um brinco que adoro [sou louca por brincos!], pronto. Foi o suficiente pra me deixar perturbada o suficiente para refazer meus passos e voltar ao lugar onde dormi, revirar a cama de alguém, e tudo por conta de um brinco [que eu não achei, é claro!]. É simples: perdi.


O problema é que nem todo mundo entende isso e quando o que se perde é uma relação pessoal, tudo se configura com cores mais fortes. Emily Dickson disse algo assim: Meus amigos, meu tesouro. Eu completo: Alguns, ouro de tolo. Evito ao máximo desfazer minhas amizades, tenho algumas que estão comigo por mais da metade da minha vida, já outras não vejo com tanta frequência  mas quando encontro, é uma festa! Algumas poucas e raras pessoas eu fiz questão de excluir da minha vida e dos meus contatos, sou adulta o suficiente para perceber que um relacionamento vai dar problema, o chato disso é a pressão exercida por pessoas que não sabem conviver com quem é decidida ou decidido. As pessoas estranham e afirmam que ninguém pode ser assim como eu sou. Não é que eu nunca volte atrás, é só que quando eu decido me afastar de alguém eu, anteriormente, já tentei de várias formas conviver, avisei e alertei dos problemas quando surgiram e também quando começaram a crescer, levo tempo pra dar um ponto final na coisas, mas quando resolvo fazer, é muito sério e não volta mesmo.


Existe muita tranquilidade em quem costuma pressionar outras pessoas. Detesto ser pressionada. Ainda mais quando a pressão se faz no sentido de aceitar uma situação insuportável como a de conviver com quem nem se quer avistar pela rua. Quem exerce pressão é pra pra mim a personificação da violência, descarto gente violenta.


Sempre vejo notícias de pessoas que, por não aceitar o fim da relação, assassinaram sua parceira ou parceiro, em geral quando isso começa a acontecer, já foram muitas idas e vindas, promessas de "mudar" e outras mentirinhas... tragédia anunciada. Se digo que não quero é porque realmente não quero, não faço charme, não quero que insistam, quero simplesmente me sentir livre de alguém me olhando e dizendo que mudou, que vai me provar o quanto está diferente. Não confio em gente que [diz que] muda, tenho passado a vida inteira tentando mudar certos aspectos da minha personalidade e o progresso que fiz é vergonhoso, como é possível que alguém mude de uma hora pra outra, só pra recuperar algo ou alguém?!



Pessoa que dizem que mudaram tão depressa, estão na melhor das hipóteses, se controlando - pra não dizer fingindo.
Não confio e pronto. Não adianta forçar, não adianta drama. É a MINHA vida e EU escolho com quero conviver. Como algumas amigas e amigos costumam dizer: Perdeu, playboy! Não que eu nunca tenha perdido, já perdi sim, perdi muitas vezes, tantas que perdi também a conta. Só há uma diferença, eu não acho "que perder é ser menor na vida", perder é parte da vida, e quando se refere à alguém, aí mesmo é que não perdi, não posso perder o que não possuo.


Não possuo pessoas, nem as quero possuir. Se alguém não me quer por perto, vou ficar triste, é claro, mas não vou obrigá-la a conviver com a minha presença. Já tive gente insuportável que dividiu comigo o mesmo espaço de trabalho, o negócio nessas horas é ser o mais profissional possível, ser gentil é fundamental, daí a ser amiga ou amigo de novo é outra conversa... É preciso compreender quando não cabemos mais em uma situação e também quando há pessoas forçando a barra, dizer não nem sempre é o suficiente, mas uma conversa bem franca pode ajudar.



Dizer o que se sente é importante, deixar claro para as outras pessoas que elas são ou estão sendo inconvenientes naquele momento de nossas vidas é a atitude mais honesta a se tomar. E dizer o que há pra dizer: Perdeu. Simples assim!



Nem sempre quando uma relação acaba, acaba também o amor, muitas vezes fica uma saudade enorme dos bons momentos vividos, mas a gente sempre sabe quando algo não vai dar certo, e pra que insistir em algo que não tem pra onde ir além do conflito?! Por isso é bom entender que quando alguém se afasta da gente pode ser porque quer bem ainda, quer pelo menos evitar que o estranhamento aumente e chegue ao ponto da raiva e do incômodo. A pessoa que gosta, gosta sempre [ou por muito tempo] mas não é necessariamente obrigada à viver colada à outra, pode ajudar e apoiar ainda que de longe.



O que não deu, já deu. Já era. Acabou. Se foi bom, ótimo. Se não, melhor que tenha acabado. É sempre tempo de recomeçar, mas se é pra dar início à algo prefiro que seja um começo e não um recomeço. Novos ares, novos bares e novos mares nos esperam, vou alí dar um mergulho e volto já... ou não!





"Olha lá quem acha que perder
é ser menor na vida

Olha lá quem sempre quer vitória

e perde a glória de chorar 



Eu que já não quero mais ser um vencedor,

levo a vida devagar pra não faltar amor"
Los Hermanos


















3.12.12

Passando um café...




"A amizade é semelhante a um bom café;
uma vez frio, não se aquece
sem perder bastante do primeiro sabor."

Immanuel Kant






Às vezes não sei dizer de coisas que sinto, tudo é sempre muito confuso na minha cabeça, nunca tive um sentimento simples ou tranquilo, tudo é sempre intenso e  confuso. No fundo, bem no fundo, gosto, (e muito!) de ser assim. É meu jeito mesmo e acho vou continuar nessas loucuras por toda a vida.

Este post foi escrito pra mim, em outro tempo. Ainda fico encantada quando  leio...



______________________________________________________________________________________
[GUEST POST]

# Café Requentado

12:00 am – 09:15 am

Hoje tem babado na Periferia! Assuntos triviais, corre-corre de cadela, ‘piléras’ de baixo calão, desabafos de sóbriedade, a peculiaridade dos ‘bordões’, as velhas piadas internas… hoje tem!

As conversas se misturam, saltitam e se re-encontram tão rapidamente quanto a nossa capacidade de termina-las, isso se vira-e-meche as gargalhadas que ecoam a madrugada nos deixarem.

O som xing-ling baixinho com seu botão quebrado e controle sem pilha, trilha nossa trilha sonora diária constantemente esquecida, e quando lembrada motivo de desacordo gratuito, gratuitamente re-esquecido após 15minutos.
A mão habilidosa trabalha por entre o correr do papo e o papo se aperta por entre os dedos do finalmente fumo aceso.



E o olhar que precede o mais convidativo dos pedidos.
As vezes eu penso em dizer-lhe o quão previsível é o comentário que virá em seguida, e que sutileza não é lá seu forte.
Prefiro que o faça:

E sempre vou preferir,

ao final das contas estarei ansiosa para dar-lhe a mesma resposta de sempre, como quem nega ter pensado o mesmo, perdendo a oportunidade de perdir primeiro, e em seguida o mesmo olhar ao ve-la requentar o café no maldito microondas, levantar-me e preparar um novo.

Agora me pego ‘naquela‘:

Não sei nem oque estou fazendo aqui perdendo meu tempo.

Afinal de contas…



Hoje tem babado na periferia, sofá amarelo e café requentado.



In: http://sofamarelo.wordpress.com/cafe-requentado/


_________________________________________________________________




Cansei de sempre tentar e tentar e, no final, não ver nenhum resultado que seja bom pra mim. Sempre cuidando dos outros... nunca de mim.

Cansei mesmo.
Mesmo assim, sinto muito por ser assim como sou, sinto muito por não poder esquecer as mágoas, às vezes queria mesmo poder apagar certas coisas da memória (algumas que eu mesma inventei) e recomeçar. 
Recomeçar é sempre muito difícil pra mim, porque estou sempre recomeçando e isso cansa. Mas o que eu queria dizer é que sinto muito por tudo estar assim, tão distante e tão diferente. Vc tem razão, as coisas não deveriam estar assim, mas se quiser mesmo o que me disse que queria, espere meu tempo, se quiser e se puder (como me disseram uma vez). 


Eu continuo aqui, no mesmo lugar.


Ah! Eu não requento mais o café. Obrigada!

Café novinho pra nós duas.





"Pode ser que um dia nos afastemos...
Mas, se formos amigos de verdade,
A amizade nos reaproximará."
Albert Einstein



1.12.12

Desengano






Olá Poeta,

Já faz um tempo que não te escrevo... Talvez um ano ou mais. Andei às tontas, andei perdida, de novo. Andei, andei... andei muito!

Andei do Marco Zero até a UFPE, só pra me [te] encontrar, percorri a Caxangá como quem dá um passeio pela manhã, mas com aquela certeza de que havia algo errado e que só a solidão e o cansaço poderiam me curar, às vezes eu preciso estar só para poder me [te] encontrar ou, pelo menos, continuar acreditando...

Sinto sua falta. Diariamente me confronto com a falta de fé.
Tentando ser feliz, às vezes acho que não vai dar. Não sem você.

Vejo rosto que cruzam comigo pelos caminhos que sigo, e não vejo ninguém. Prometi a mim que ficaria bem para estar pronta quando a verdadeira felicidade se fizer real, neste tempo ou em outro. Às vezes acho que não vai consigo... me perdoe.

Outra vez triste, novamente melancólica. Sou a dor de um amor que só existe em mim.


Com todo meu amor.







14.10.12

(Re)Corte de Machado

"Dedico essas linhas
às bocas que irão morder
minha pele quente."

Eu, num (re)corte de Machado
em triângulos desconcertantes.






Resignação.
Foi essa a palavra que me veio na hora! “Eu sou a cara da resignação!”.

...

Re.sig.na.ção sf. 1. Ato ou efeito de resignar
(-se). 2. Paciência com os sofrimentos, as
injustiças, etc. [Pl.: -ções]

...

Conheço o significado da palavra, mas na hora veio tão espontâneo que fui procurar no dicionário pra ver qual é a dessa palavra intrometida que me invade a cabeça bem na hora da despedida. Enfim, a palavra chegou e ficou, essa invasora. O que se deu depois, qualquer um já sabe como é, aquela palavra engasgada na garganta, que nem o vinho é capaz de fazer descer. Resignação é isso. Odeio me resignar. Detesto aceitar quando as coisas não vão bem ou que eu não posso fazer nada para melhorar.

Os amores não-correspondidos são para muita gente um enorme poço de resignação, falo dos amores não-correspondidos mesmo. Daqueles que jamais serão reais, dos sem-esperanças, daqueles que a gente olha pros olhos do ser amado e vê gratidão por alguém ter tanto amor por ele, amizade como prêmio de consolação, enfado, por estar sempre levando o peso de não corresponder à algo bom e de saber que alguém sofre por ele, e talvez, pena; pena do desperdício de energia de alguém que poderia ser tão feliz se “saísse dessa”. Esses amores não-correspondidos, esses “sem-jeito”, são exatamente aqueles em que a resignação é o sentimento mais digno. De que outra forma seria? Espernear, fazer biquinho, chorar?

Resignar é aceitar, aceitar é parte da minha ideia de amor. Se não aceito, se não convivo com coisas que são inatas não posso amar. Há coisas em mim e em outros que não poderão ser mudadas e/ou melhoradas, há certos traços de personalidade que são nossos. Pronto. Só posso amar a partir do momento em que compreendo isso, se sei, e ainda assim, amo e quero compartilhar então “vamos viver que a vida é curta e a felicidade breve!”. Só assim. Só assim é possível amar. E ser amado.

A palavra tomou conta de mim e, assim como na mente doente de Brás Cubas uma ideia fez de seus neurônios trampolim, na minha, uma palavra (uma reles palavra) se fez rainha e resolveu, à seu próprio gosto, mudar as cores das rosas. Essa Rainha de Copas, a Resignação, palavrinha irritante e com manias de grandeza, em alguns passeios noturnos por esses jardins, decidiu reorganizar sonhos e pesadelos, planos, projetos e os muitos futuros possíveis.

O triângulo acabou e entre nós não há mais um ângulo sequer, paralelas. Proporcionalmente distantes.

O tormento que uma palavra pode nos causar é algo perturbador. O que essa ditadora não sabia, é que já passei por todas as portas, fui grande e fiquei pequena, sentei à mesa para um chá entre os loucos e à noite vi sorrisos de meia-lua no céu. Agora estou mais forte. Do País das Maravilhas, trouxe as Chaves do Tamanho e um pouco de chá para os dias ruins. Depois de tudo passado, um coração ansioso e apaixonado bate com mais força que outros. Resignar-se não será (nunca mais!) uma das minhas opções, e quando não há opções dignas, eu as invento.

Nem fiel solitária, nem louca desesperada. Mas sempre apaixonada, livre.

"Diga a verdade 
ao menos uma vez na vida
(...)
Não fique pela metade
Vá em frente minha amiga
(...)
Destrua a razão
desse beco sem-saída
(...)
Somos os que há de melhor.
Somos o que dá pra fazer,
o que não dá pra evitar
e não se pode escolher."



Engenheiros do Hawaii, "3X4".


5.10.12

Minha flor, meu bebê...



"Gosto muito de te ver leãozinho..."
Caetano Veloso



Tem gente, na vida da gente, que nos faz sentir mais gente.
Tem gente, na vida da gente, que faz todas as outras gentes parecerem tão pouco gente!


Lembro de poucas coisas de quando ela ainda não fazia parte da minha vida, lembro também da falta que ela faz quando vive sua própria vida e me deixa viver a minha... sou tão pouquinho sem ela e quando ela não está aqui meu mundo fica menor, sem graça e sem jeito.

 Minha mãe diz que eu a "criei" mas eu sei, (só não conto pra ela!)  que foi ela quem me criou... Ela me inventou assim como sou. Lembro que quando ela chegou eu deixei de ser tão importante para mim mesma e ela passou a ser tudo, lembro de enfrentar os gigantes para protegê la e de prometer que nada do que aconteceu comigo aconteceria com ela, eu a levava para todos os lugares e queria mostrar o mundo à ela. O que eu não sabia é que o mundo já era dela...


Ela veio alegrá-lo e deixá-lo ainda mais bonito, ela chegou e foi nos ensinando o amor, esse amor do qual ouvíamos falar mas nunca havíamos visto, esse amor do qual ela já parecia ter uma prática incrível, parecia já saber amar tudo e todos, fazia o amor se multiplicar com a facilidade que o vento tem em espalhar meus papéis cheios de palavras pra ela que nunca entreguei, eu a amo tanto que nunca consegui entregar nada que escrevi pra ela.



Ela é uma boba que me escreve e chora quando lê eu sou outra boba que não sei lidar com o amor que tenho por ela. Ela é a única pessoa do mundo com quem eu brigo, grito, xingo e fico amuada, tudo pela certeza de que ela me ama. Não há ninguém no mundo da qual eu tenha tanta certeza do amor, só dela eu cobro e exijo atenção, carinho e chamego  só dela! Os outros... Ahhh! Os outros não me conhecem como ela... os outros não sabem de nada! Ela não, ela me conhece inteirinha e, por incrível que pareça, ela ainda me ama!



Lembro perfeitamente do dia que a vi e percebi que ela já era uma mulher, lembro da aflição que senti ao ver aquela mulher linda vindo em minha direção, aquela mulher forte, inteligente e que tem o dom de deixar minha vida mais leve e feliz, aquela mulher cheia de planos, projetos, amigos e amores, aquela mulher que é tudo que eu sempre quis ser. Fiquei feliz e com medo, porque antes ela era minha e hoje eu sou dela.


Senti medo porque às vezes, ela parece uma pessoa inteiramente nova e me assusto e não sei mais quem é essa menina, sinto medo porque às vezes percebo que ela faz umas escolhas que fiz, boas escolhas, mas não quero que ela seja eu, ela já é maravilhosa e quero que continue sendo assim, autêntica!



Eu a vejo ouvindo as músicas que eu ouvia, vestindo roupas que eu vestia, lendo o que eu lia e tenho medo, tenho medo que esse exemplo que ela segue, o meu, não a faça feliz. Se de muitas formas tentei influenciá-la para o que eu achava que era o melhor, hoje tenho medo de decepcioná-la, mas também sei que ela tem que ser o que ELA quiser ser e não o que eu achar que é melhor pra ela.



Hoje o que mais me faz sentir falta de lá é vê-la andando pela casa, comendo besteira, falando sem parar, arranhando o violino ou se enfeitando toda pra quando o namorado chegar. O que mais sinto falta nela é dela todinha, de chorar em seu colo e pedir seus conselhos inocentes de menina, de quem ainda não experimentou dor alguma, de quem tá cheia de uma esperança inata, que acredita na vida e no amor.




Menina linda, que eu vi chegar, no colo da minha mãe, menina que tirou de mim a certeza de ser só, que veio cheia de beijinhos ensinar que amor é bom e fácil. Uma mulher intensa e forte, que sabe o que quer e não desiste até conseguir...







“Sem pensar em mais nada,
 fecho os olhos para esquecer.
Dorme, menina,

repito no escuro,
o sono também salva.
Ou adia."
Caio Fernando Abreu











2.10.12

Transbordando...


Só dessa vez. Só por hoje...

Hoje ouvi falar de traição e ouvi falar de lealdade.

Sem escolhas à fazer, sem caminhos à seguir, minha vida continua a mesma: um dia de cada vez. O conselho então seria "Carpe Diem"? Pois bem, aquele momento era meu, de mais ninguém e quis aproveitá-lo. Só isso.

Quem dera fosse só isso! Há coisas que se quebram e não se pode consertar, há outras que não se pode evitar. Evitei (tentei e falhei), fugi do que realmente queria, mas nosso inconsciente é traiçoeiro e faz o que bem quer da gente e mesmo que eu mudasse para os Andes, ainda assim daria um jeito de chegar mais perto, porque isso não é uma vontade, é necessidade.

Me sentindo uma cretina, a pior das pessoas, a mais vil e ainda assim há em mim uma sensação que dispensa palavras e me faz esquecer do que não quero lembrar, há algo que vai exigir de mim palavras, muitas delas... o reencontro, o momento exato em que precisarei do pouco de consciência que me resta.

Que tipo de gente eu sou?

Ouvi cada palavra, menos a minha. Ando sempre ocupada com a felicidade alheia, por isso é tão difícil ser feliz; que ninguém se engane, não sou altruísta, apenas gosto de estar rodeada de gente que ri de vez em quando e se eu puder fazer algo por isso, sempre vou fazer. A coisa mais linda da vida é o sorriso no rosto de quem a gente ama (faz muito bem pra gente!).

Egoísta.

Já a culpa é um sentimento ruim e feio que só existe para impedir que as pessoas sejam felizes. Só que nesse caso, não funciona assim. A culpa se encaixa perfeitamente e é o sentimento perfeito para corroer consciências e destruir o que encontrar de bom pelo caminho de quem é irresponsável. Me sinto culpada, fui imprudente com os sentimentos alheios, logo eu que sempre estou cuidando de todo mundo! Descuidei de mim e, de tabela, saí machucando quem não merecia.

O que me inquieta mais do que a lágrima que vi naquele rosto é o sorriso que vi em outro, parecia com o meu, mas só parecia. Eu estava feliz, de verdade. Como à muito tempo não ficava. Depois dos últimos dias tudo ficou tão triste, a graça se perdeu no momento em que tomei algumas decisões que tiraram de mim mais um pouquinho dos meus sonhos e quando penso que perdi de todo, a vida me dá um prêmio de consolação sem comparação. Me dei o direito de ser feliz por algumas horas, só pra saber como é e aqui entre nós, ser feliz é muito bom!

Me sinto mal por que sabem de mim, dos meus segredos. Culpada por estar feliz apesar da tristeza alheia, culpada de ser assim como sou e por não querer nada demais, culpada por só querer isso: A liberdade de poder amar, a liberdade de não precisar me esconder, porque amor não deveria ser proibido, mesmo o "amor não-correspondido", se quem amo me tem amizade, deixa assim, deixa ser o que puder ser. O que não pode é transbordar assim.

Amor é bom, liberdade ainda mais.

Ser adulto é ruim porque a gente aprende que nossa felicidade só pode se concretizar em coexistência com a felicidade dos que estão próximos, ninguém é feliz se magoa outros. Sou adulta desde muito tempo, ando cansada. Tentei desse meu jeito "afastar pra não machucar", mas não consegui, machuquei mesmo, pesado mas não, planejado. De vez em quando a vida resolve umas coisas que a gente não consegue. Não acredito em coincidência.

Tentei escrever uma história com as tintas que sobraram de outra, não funciona, agora tá tudo manchado e não tem muito pra recomeçar. A vida não tem borracha e se tivesse, o que eu faria? Como disse por aqui em outra vez, "na dúvida, não faça!". Por pior que possa parecer, naquele momento não tive dúvida alguma.

Corpo e alma.

 "Me sinto tão só.
E dizem que a solidão
até que me cai bem."
 Renato Russo





27.9.12

Sobrevivi

Pois é...
Deu tudo certo. Nem sei como!
medos
hospital dores
culpa
paixões incertezas
frustração
amor
alívio

Na vida temos algumas escolhas (ainda bem!), é difícil decidir o que fazer quando não fazemos ideia das consequências dos nossos atos, o medo torna-se regente de nossos passos e a culpa - sentimento nojento - consegue piorar tudo!
Nos últimos dias estive cheia de todos esse sentimentos e inquietações (como se já não bastasse as minha paranoias cotidianas), além disso o ambiente hospitalar me faz muito mal. As escolhas que fiz não foram as que eu queria, mas foram as corretas para o momento em que eu vivia, sem culpa assumo as consequências e enfrento o que virá.


Sou minha ainda, ainda estou inteira.



Dias tristes, de aflição e de medo, depois de toda a dor, dos medos, da culpa, depois de tudo o que senti e passei, recebi da vida, de presente, a sensação incrível de estar livre novamente.



A vida é meio confusa mesmo, mas no meio de todo esse show de idas e vinda, dramas e comédias, encontros e desencontros, ainda sou a protagonista da MINHA vida, sou eu que escolho os caminhos a seguir, fiz a escolha que fiz por saber que ainda há muito à fazer e muita coisa pra enfrentar e não me arrependo, aquele não era o momento, nem era aquele o cenário, tampouco seria aquele o personagem principal...



Sei quem sou e o que quero.



E talvez a solidão não me assuste tanto quanto antes, talvez eu já esteja pronta pra ela.

Ser feliz sozinha parece ser a melhore opção. E se aquilo que espero não vier? Fazer o quê, né? Eu ainda estarei aqui e serei uma ótima companhia para mim mesma. O que não é viável é construir um castelo de cartas que eu mesmo pretendo derrubar, o que não devo é envolver ainda mais quem só vai sofrer com isso tudo... Não, essa não sou eu.


Eu sobrevivi. Mais uma vez.






24.8.12

Coisa de Gente Grande

Sentindo que agora vai...
Tô mais tranquila. Sempre piro quando estou confusa, é difícil demais quando a gente fica dividida sem saber o que fazer. Decidi por mim, vai doer vou sofrer pra caramba, mas nada de romantismos agora, tenho que pensar no que eu quero pra mim e nos planos que fiz, não há nada de bonito na minha escolha, ela é doída e sofrida, mas é NECESSÁRIA.
Agora que decidi, tudo ficou mais leve.
Boa sorte pra mim!

P.S.: Quem dera os personagens fossem outros... a história também seria diferente. Sem dores, só amores.

17.8.12

De sonho a pesadelo.

"O que é vertigem? Medo de cair?
Mas porque temos vertigem num mirante
cercado por uma balaustra sólida?
Vertigem não é o medo de cair, é outra coisa.  É a voz do vazio debaixo de nós,
que nos atrai e nos envolve, é o desejo da 
queda do qual nos defendemos  aterrorizados."

Milan Kundera





"Façamos da interrupção um caminho novo.
Da queda um passo de dança,
do medo uma escada,
do sonho uma ponte,
da procura um encontro!"

Fernando Sabino




15.7.12

Dia do Homem: revanche X conscientização








Dia do Homem

É isso... 
O Dia do Homem não deveria funcionar como uma disputa mas como forma de conscientização sobre violência de gênero, sobre prevenção e saúde masculina, entre tantos outros temas...






Se questionamos isso somos chamadas de femistas, acredito que o Dia Internacional da Mulher não é um dia de festejos ou entrega de rosas, é um dia para refletir sobre as muitas violências sofridas pelas mulheres apenas pelo fato de terem nascido 'mulheres'.





Sofremos violência pq muitos homens e mulheres nos consideram inferiores.
Nosso dia, não é dia de comemorações, é Dia de Luta! Estamos de luto, muitas, muitas de nós tem sido assassinadas diariamente, queremos que isso pare.
É o Dia Internacional de Luta pelos Direitos da Mulher
É disso que falamos. Agora me pergunto, qual a reflexão que poderemos gerar com o Dia do Homem???




Nada contra esse dia, apenas contra a inutilidade dele, que seja feita uma reflexão séria e coerente sobre a influencia do gênero masculino na sociedade e como os homens podem contribuir pra um mundo melhor!


Há muitas campanhas e imagens circulando com foto de copos de cerveja, sexo e uma masculinidade forçada que oprime os homens e os condiciona a serem os brutamontes, os 'tô nem aí', os imbecis...


Gostaria, sinceramente, de saber como os homens se sentem com tudo isso, não apenas no seu dia, mas no cotidiano. Tudo que é produzido para os homens é pensado pelo mercado com o viés heteronormativo, que coíbe o homem a não sentir, não ser 'fraco' como as mulheres(!!!), a ser heterossexual, ser alcoólatra, ser agressivo...



Conheço homens maravilhosos, feministas, delicados, bonitos (magros, fortes, gordos), e que apesar de não estarem encaixados nesse padrão (inventado) do que é "Ser um Homem" e dos muito conceitos do que um homem pode ou não pode fazer, apesar de toda essa pressão esse homens conseguem se manter íntegros e são eles mesmos, não o que a MÍDIA diz o que eles devem ser.



Hoje, 15 de julho, te devolvo a rosa que me destes em março, não preciso dela, você sim. Não pense que te agrido, pelo contrário! Eu preciso de direitos iguais, não de uma rosa... você sim, de muitas. Precisa de amor, de um lugar na sociedade, precisa poder ser sensível, poder ser você mesmo!

Você que foi agredido desde sempre pela mãe, pelo pai, pelos familiares, que foi levado à força pra ter a primeira relação sexual com uma prostituta, aos 12 anos de idade, que não podia chorar, porque é homem, que tinha que 'pegar' todas, mesmo querendo apenas uma, sob pena de ser chamado de gay...

Você precisa do meu amor, não da revanche. Eu preciso da sua solidariedade na minha luta, não da revanche! Nós precisamos um do outro, homens e mulheres, juntos, construindo uma sociedade mais justa e igual.


Parabéns à esses homens pelo seu dia, desejo muita força e coragem pra vocês, que são cobrados a seguir um esteriótipo ridículo e ainda assim resistem. Vocês são heróis! Os verdadeiros Super-Homens. Parabéns Homens!




7.7.12

Último trago



Porque foges Órion?
Acaso não é doce o veneno?
O signo  marca a pele
e condena ver no horizonte,
uma utopia redundante.

Canto o exílio do corpo.
Sofro a saudade de terras
onde desejei vadiar.
São canções pintadas
nas paredes, no papel e na rede.

Por detrás da porta,
não há quem se importe.
Para cada ausência,
um passo adiante.
Cada escolha, uma presença.

Hasteei bandeira,
sonhei ser nativa,
sendo a única estrangeira.

Não houve escrúpulos,
tampouco hipocrisia.
A verdade fez-se escudo,
conquista de outros dias.

Pobre afeto, só estrago causou.
Para ti? Sob meu teto, o que sobrou
foi o derradeiro trago 
do meu último cigarro.



23.4.12

Quem não joga, perde!

Um momento.

Construí na areia uma fortaleza pra me defender do amor. Mas se é amor as máscaras voam longe, junto com as mentiras que repito pra mim mesma diariamente. Algumas queixas, muitos apelos, sem mais teatro sou só amor e desejo. O desejo de que existisse alguma rotina na pele banhada de suor.

Um raro momento.

Sou ser sincera e não quero jogar com ninguém. Não quero manipular as coisas, muito menos ser manipulada para mostrar a quem quer que seja o que sinto.

Desejo guardado como choro 'engolido'. Tá ali. Não passa, não acaba. Só aumenta.


Um toque e o que é certo torna-se variável, maleável no mesmo instante em que eu me torno uma hipócrita.

O que é bom pra mim é ruim para todos os que me cercam, transbordo de palavras e não há com quem  eu possa falar sem ser condenada como uma 'traidora'. Por isso, evito, e me calo.

Quem dera fosse fácil. Enfrentaria tudo o que fosse preciso e aceitaria as consequências, mas não é assim que é, então só resta rir e agradecer pelas amizades cotidianas, aproveitar os raros momentos em que me é permitido amar ou, quem sabe torcer pra ser forte o suficiente da próxima vez.

Perder é o risco que se corre ao se amar alguém. No meu caso nem chegar a ter.

É um amor que sobrevive. Contra a minha vontade.

E, por mais que eu tente, Eros não se contenta em apenas ser.






30.3.12

Pequenos pedaços de nada




Ando triste...



Mas não deixo que outros vejam, essa tristeza é só pra mim. Quando estou sozinha em casa, coisa muito rara, me permito chorar. E quando choro assim, como ontem, quando percebo e sinto tantas coisas, que me deixam tão frágil é que assumo que ainda não estou bem.


São pequenas coisas, coisas que são tão simples e fáceis de serem resolvidas, mas que não dependem de mim ou então dependem exclusivamente de mim


Tudo que tenho é formado por um monte de nada...






13.2.12

Decisões & Definições



"Não posso ficar nessa de esperar,
nem posso ficar nessa de querer"


INTERESSE
Pedro Luís e A Parede

São dias como esse de hoje que me incomodam: dias nublados.

Detesto cinza! Acho uma cor muito feia, sem graça, que não diz pra quê veio, nem quente, nem fria... Não gosto.



Sou de extremos, comigo é sim ou não, 8 ou 80.

Uma amiga me disse, certa vez, que "...entre 8 e 80 há 72 possibilidades.", achei muito bonito, mas não rola comigo não. E olhem que nem é "Complexo de Gabriela" (rs), eu não nasci assim e posso muito bem não ser sempre assim, respeito a mudança e a considero a única lei universal. 

ESCOLHI ser assim, EU defino os caminhos para a MINHA VIDA e enfrento, de peito aberto, as consequências das minhas escolhas, sejam elas boas ou ruins.

Faço questão.


Na sociedade em que vivemos tudo exerce muita pressão sobre as pessoas e concordo que decisões & definições sejam realmente mais um motivo para sentir-se pressionado.

Só que decisões & definições não são o D&D do RPG, não são feras assustadoras, nem são perenes e eternas, definir caminhos e decidir pra que lado seguir é importantíssimo para que a caminhada continue. Não ando sem rumo, tenho sonhos e objetivos e eles são claros e fortes pra mim.


Lembrei da música Tocando em frente do Almir Sater...

"Ando devagar
Porque já tive pressa
E levo esse sorriso
Porque já chorei demais

Hoje me sinto mais forte,
Mais feliz, quem sabe
Só levo a certeza
De que muito pouco sei,Ou nada sei

(...)

Cada um de nós compõe a sua história
Cada ser em si
Carrega o dom de ser capazE ser feliz"

É isso.


Eu vou "tocando em frente" mas não como disse meu pai, eu até posso ser uma "sobrevivente" como ele falou, mas não quero ser. Sobreviví. Passou. Agora quero mesmo é viver!

Pra mim, não há coisa pior do que acordar como acordei hoje: com aquela sensação de TER que continuar, sem querer, sem vontade, sem motivação, sem fé e sem força.

Não critico quem se posiciona de outras formas diante da vida de que ela nos apresenta como possibilidades, acho maravilhoso conviver com pessoas pacientes, sou paciente, mas só até onde quero. Defino até onde vou tolerar determinada situação então, quando chega o momento eu corto, na raiz, sem chances. Mas aviso antes, aviso sempre, ninguém convive comigo sem ser avisado previamente dos meus limites, tenho uma paciência impressionante e sou por demais compreensiva, mas sempre tem aquela pessoa que quer, à todo custo, testar os seus limites, forçar a barra.

Odeio que me confundam, que me deixem em suspenso.


Não preciso de "Eu te amo", nem tão pouco de "Você dá sentido à minha vida"! Palavras... sempre palavras, cheias de sentidos e vazias de certezas. Não preciso de palavras, tenho as minhas.

Preciso de Decisões & Definições.

Se alguém é incapaz de tomar uma decisão, eu resolvo: NÃO!

Já disse antes e isso pra mim é regra: Na dúvida, não faça.

É por isso que trilho meu caminho e faço escolhas. Cada escolha, uma renúncia. É ruim demais, mas é necessário, às vezes, porque sei que apenas esqueci, mas ainda tenho fé, ainda tenho força. Eu tenho certeza, a firme certeza de que serei ainda mais feliz.






17.1.12

Para quem ainda vier a me amar

Ah, essa inveja... Queria que eu tivesse escrito algo assim.

________________________________________________________________


Para quem ainda vier a me amar



Quero dizer que te amo só de amor. Sem idéias, palavras, pensamentos. Quero fazer que te amo só de amor. Com sentimentos, sentidos, emoções. Quero curtir que te amo só de amor. Olho no olho, cara a cara, corpo a corpo. Quero querer que te amo só de amor.

São sombras as palavras no papel. Claro-escuros projetados pelo amor, dos delírios e dos mistérios do prazer. Apenas sombras as palavras no papel.

Ser-não-ser refratados pelo amor no sexo e nos sonhos dos amantes. Fátuas sombras as palavras no papel.

Meu amor, te escrevo feito um poema de carne, sangue, nervos e sêmen. São versos que pulsam, gemem e fecundam. Meu poema se encanta feito o amor dos bichos livres às urgências dos cios e que jogam, brincam, cantam e dançam fazendo o amor como eu faço o poema.

Quero da vida as claras superfícies onde terminam e começam meus amores. Eu te sinto na pele, não no coração. Quero do amor as tenras superfícies onde a vida é lírica porque telúrica, onde sou épico porque ébrio e lúbrico. Quero genitais todas as nossas superfícies.

Não há limites para o prazer, meu grande amor, mas virá sempre antes, não depois da excitação. Meu grande amor, o infinito é um recomeço. Não há limites para se viver um grande amor. Mas só te amo porque me dás o gozo e não gozo mais porque te amo. Não há limites para o fim de um grande amor. 

Nossa nudez, juntos, não se completa nunca, mesmo quando se tornam quentes e congestionadas, úmidas e latejantes todas as mucosas. A nudez a dois não acontece nunca, porque nos vestimos um com o corpo do outro, para inventar deuses na solidão do nós. Por isso a nudez, no amor, não satisfaz nunca.

Porque eu te amo, tu não precisas de mim. Porque tu me amas eu não preciso de ti. No amor, jamais nos deixamos completar. Somos, um para o outro, deliciosamente desnecessários.

O amor é tanto, não quanto. Amar é enquanto, portanto. Ponto.


Roberto Freire