8.11.14

Súplica


Naquele vale de lágrimas,
onde solidão e insulto
são recorrentes respostas
à prudencia e sensatez,
a fraqueza e a loucura
constroem longas teias.

São rainhas, aranhas, abelhas...
Não param,
fiam,
tecem,
trabalham.
Destroem cada vã esperança
numa vida sã.

E eu desço,
esqueço,
peso e padeço.
Peço,
desfaleço e, enfim,

desapareço.

7.11.14

Íntim[a]idade


DETRÁS DA PORTA

"E o que me importa
Se me escondo por detrás dessa porta
Se ao menos incomoda
É pelo qual o modo
Que tenho
Que se mantêm abstêmio
Até a provação que tenho
Tenho pois, para agora e pra
Depois
Eternizar esse leve alento."

João Jales, 07/04/2012


Lealdade,
talvez seja essa verdade
que poucos conhecem,
e outros tantos esquecem.
Certo dia me disseste:
Não se apresse,
e mesmo que confessem,
espreita!

Estás à tua própria direita
e ao redor mantém
quem te quer bem.
A máscara perfeita
é o espelho que oculta.
Assim, criativamente caótica,
tua tempestade renova,
quem parou de sonhar.

Tu, poeta dos bares,
alçará o voo que sonhares.~
Tu, político das ruas,
gritará a dor na carne crua.
Quando os dias forem maus, canta.
Diante do tempo, no entanto, não te cales.



Ao meu amigo Jales,
Paz e Bem.

25.10.14

Cada dia é um dia novo...

De altos e baixos vou vivendo essa minha vida doida... amo viver, não é fácil e ninguém disse que seria.
As coisas vão prá lá, vão prá cá e vão se arrumando do jeito que dá, cada átomo em sua molécula, cada sorriso em meu rosto, um dia de cada vez.

Sei de hoje. Apenas hoje.
É o bastante.

Penso demais, por isso sofro. Vou lá na frente e começo a jogar xadrez com a minha própria vida, tentando (inutilmente) calcular as consequências das minhas escolhas. Isso é loucura!
Tá doida é mulher????

-Deixa rolar...

É o que meu inconsciente tenta me dizer e na tentativa desesperada de racionalizar tudo, vou me arrebentando pelo caminho. Lesada.

Hoje acordei melhor. Fui dormir com lágrimas nos olhos mas com um sorriso na boca... 
Carinho é sempre bom, né?! Nada como um pouco de colo de quem a gente gosta pra nos encher de força e coragem para enfrentar o que parece assustador demais.

Se você tem algo ou alguém tudo fica mais leve, pode ser qualquer coisa, pessoa, animal, objeto, entidade... Mas ter em quê se apoiar é bom. Amig@s, parentes, animais de estimação, objetos de culto ou de estima, divindades, forças e até os vícios!!! 
Tudo isso e mais um pouco, tudo ajuda.
A vida é pesada demais pra não ter sequer um escape. Eu tenho todos os escapes possíveis. Um monte de amig@s, de todos os jeitos, de muitos lugares, família doida e linda, cachorreira de carteirinha e começando a me apaixonar por gatos também, colecionadora de bugigangas, crente em todas as crenças e ateia ao mesmo tempo, ninfomaníaca, fumante e amante dos vinhos do mundo e cachaças da Paraíba. "Válvula de escape" é comigo mesmo!

Cresci com medo e, por isso, faço de tudo pra não sentir medo. Não suporto! Ele me paralisa. Sou uma mulher corajosa por natureza e não sei lidar com o medo, ele nunca foi presente na minha vida. E em momentos difíceis como este, quando eu tenho uma dessas raras experiências de mergulho no medo, ele ultrapassa qualquer limite e se manifesta como pânico, pavor. Não aceito isso. Sempre fui forte e continuarei sendo. Eu PRECISO ser, questão de sobrevivência.

Sou feliz assim, sendo quem eu sou. Forte. Corajosa. Com a cabeça erguida enfrento gigantes, kraquens e quimeras. gosto mesmo é de abrir o sorrisão e correr pra briga. Toda essa disposição não combina com cara de choro e cama. Eu quero é viver!

Hoje o dia está mais bonito, o ar está mais leve, respirei fundo e saí de casa, mais um dia começou.
Eu estou mais viva (e mais feliz!).

O Ágape nosso de cada dia...

"esses gays" de quem vc fala, são pessoas. Jesus deu sua vida por TODAS as pessoas. Ele Andava no meio do que a sociedade judaica chamava de "escória da sociedade". Pessoas que a sociedade julgava e tratava mal, eram exatamente os seguidores de Jesus, aqueles que ele mais amava. Logo, quando alguém que se diz servo, quer ser maior que o Mestre está afrontando seu Senhor. É o que Feliciano faz. Jesus não era assim, nunca foi.


Democracia não é dizer o que quer... o nome disso é Caos. Democracia é respeitar e dar à todos e todas os mesmos direitos!

é importante saber do que se está falando antes de falar...

Cargo público exige respeito à constituição. Feliciano tem feito declarações homofóbica, machistas e racistas, não vejo nenhuma democracia em dizer que negros são amaldiçoados. Jesus ama gays, mulheres e negros.

Já li TODA, diversas vezes. Sou Cristã, com orgulho, e sei do que estou falando. "Dá à César o que é de César, e à Deus o que é de Deus"

Não só li TODA, como tb trabalhei na Igreja Assembléia de Deus como Evangelista e Professora de Escola Dominical. O ódio ao próximo não faz parte da mensagem do Cristo. Jesus só foi violento uma vez: Com os capitalistas do Templo que exploravam a população.

Em Mateus 5:17-18, Jesus disse: “Não penseis que vim revogar a Lei ou os Profetas, não vim para revogar, vim para cumprir. Porque em verdade vos digo, até que o céu e a terra passem, nem um i ou um til jamais passará da Lei, até que tudo se cumpra.”

A Lei do Cristo, o próprio Deus que se fez Homem, é só uma´: Amar à Deus sobre todas as coisas e ao próximo como à ti mesmo"... Não acho que agredir as pessoas, falando que gays são endemoniados e negando à eles direitos civis seja amá-los. Se quer que LGBT's entendam a Palavra, os Cristão precisam cumpri-la. Amando, como fez Jesus.

Mas quem deve ou não "abominar" e rejeitar é Jesus, só Ele é o Justo Juiz. Nós, somos pecadoras e pecadores como qualquer pessoa, crente ou não. Não sejamos como os Fariseus, que só faziam criticar e agredir tanto à Jesus quanto à seus seguidores.

Matheus 7:21- 23 “Nem todo o que me diz: Senhor, Senhor! entrará no reino dos céus, mas aquele que faz a vontade de meu Pai, que está nos céus. Muitos me dirão naquele dia: Senhor, Senhor, não profetizamos nós em teu nome? E em teu nome não expulsamos demônios? E em teu nome não fizemos muitas maravilhas? E então lhes direi abertamente: Nunca vos conheci; apartai-vos de mim, vós que praticais a iniqüidade.”

A Vontade do Pai é que nos amemos uns aos outros. 

É pelo amor, e não pela força, amados...

Acho que o que A ou B faz não interessa aos Cristãos, se alguém erra deverá ser perdoado, pq somos Sal da Terra. Devemos dar o exemplo do amor de Cristo, que perdoou até seus assassinos.

Concordar ou não, não cabe à nós. Não somos o Martelo de Jeová, somos aquelas e aqueles que levam as Boas Novas do Senhor, o Evangelho da Nova e Eterna Aliança, do reinado do Espírito Santo de Deus, no Planeta Terra, quando o Cristo ascendeu aos Céus nos deixou um consolador, ele está conosco todos os dias, acolhendo e levando no colo como um pai amoroso e isso não é privilégio dos Cristãos mas de toda a humanidade.

É normal que você tenha aprendido diferente o Evangelho do Ódio tem sido muito divulgado e difundido em todo o mundo, é um dos sinais dos Tempos. No fim "o amor de muitos esfriará"... Não permita que aconteça com vc, Jesus te ama e quer que vc seja semelhante à Ele. Ame à tudo e à todos, seja bom e paciente.

Fale com brandura e peça sempre ao Espírito Santo de Deus que te guie e te mostre, a Bíblia como outros livros foi escrita por pessoas, em um tempo determinado, por muito tempo muitas pessoas não tiveram acesso à ela, por muito tempo tivemos acesso à uma Bíblia deturpada e corrompida por mãos humanas. Só o Espirito Santo de Deus pode nos guiar para a Verdade que é Jesus e todo o seu amor. Se não concorda com uma prática, não pratique, mas não julgue, não agrida. Com Amor vc chega ao coração de qualquer pessoa, foi o que o Cristo nos ensinou. 

1 Coríntios 5:12 “Pois, que me importa julgar os que estão de fora? Não julgais vós os que estão de dentro?”











Proximidades

Era simples. Uma janela que se abria.

Os dias se passavam e uma janela era tudo o que tinham. Uma brisa suave alimentando uma fogueira. Só. Da janela podiam compartilhar tudo ou quase tudo. Sonhos, desejos, ciúmes e receios. A janela era uma injustiçada, diga-se de passagem, amantes não costumam gostar de nada que fique entre eles...

Pobre janela, ouviu as conversas mais bobas, os choros e risos, promessas que nunca saíram dos olhos. Onde há desejo a criatividade é como a brisa para o fogo, ela o alimenta. Dia após dia a janela se abriu para que os amantes se vissem, noites e madrugadas consumidas pela saudade.

Eu não os via há um bom tempo e confesso que não os tolerava tanto quanto gostaria. Não que não fossem gente boa, até que eram, mas estavam sempre com aquela maldita janela aberta... Amantes me intrigam. Outras vezes, nauseiam. Tão insuportáveis quanto aquilo a que se propuseram.

"São tempos difíceis para os sonhadores, Amelie."

Tantas janelas escancaradas, perfis cada vez mais distantes da nossa verdadeira face. Um enorme desperdício. Para que essa reação química a que chamam "Amor" possa durar mais tempo no organismo humano é necessário que uma enorme quantidade de estímulos sejam produzidos, seres humanos em todo o mundo dedicam tempo e esforço nessa investida, baseando-se em histórias da Idade Média sobre Amor Romântico.Eu conheci a ambos, em momentos e condições completamente diferentes. 

Não sei bem se a história é real, já me falaram várias vezes, da última vez que ouvi falar sobre isso foi à um tempo atrás durante uma viagem. 

Um ano inteiro! Seria mesmo possível que com tão 
Ao encontrá-los assim, depois de tanto tempo, percebo que preciso avaliar muitas de minhas teorias.

Dos remédios que curam a paixão, aqueles de nos alertava o Pe. Vieira, estávamos sob o efeito de dois.
O tempo e a distância estavam determinados a nos afastar.
Um sentimento os unia, tão autêntico quanto espontâneo, algo, talvez, mais antigo que nós. Eram unha e carne, shampoo e condicionador, 

Uma garota
Um cara
Internet

Abri

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Do medo que sentia daquilo que nem conhecia, do medo de ver mais do mesmo, mais de uma história triste de mulheres que desistiram, do medo de ver mais daquilo tudo que eu não queria ser, de todo aquele medo não sobrou nada, a coragem veio com a mão que me foi estendida, seguida de "Eu vou com você!".
Tudo o que me aterrorizava e paralisava não passava de monstros que assombravam a criança que fui. Vi, justamente onde eu menos esperava, tudo que eu queria ser, aquele medo de envelhecer, aquela vontade de me esconder se foi, o desejo de ser de outro lugar já não havia em mim

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Há quem devore almas
almas devastadas pelas intempéries, almas destituídas de razão e sentimentos. almas perdidas
Sempre ouve quem quisesse me devorar e me devastar com a única intenção de me dominar, sem sucesso. assim como antes há quem me devore ou ao menos deseje fazê-lo ou que há

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Eu amo a Música.

Sem música eu morreria... sem ela minha vida não teria graça, muito menos felicidade. Ouço música o tempo inteiro, todos os dias, danço sozinha na sala da minha casa antes de ir para o trabalho, ouço música no fone quando estou no ônibus, deixo a playlist ligada no PC enquanto estou trabalhando, volto pra casa ouvindo música, quando chego ligo a TV para ouvir música e danço, e giro, e brinco, e rio... tudo por causa da música.

A música me lembra que estou viva, me faz esquecer minhas dores, faz com que eu tenha esperança de um dia ser mais feliz, a música reflete o que sinto e o que penso e até meu coração bate num compasso musical.
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Entenda e por favor acredite em mim: A divulgação é pq eu gosto da banda! Simples assim. Minha relação com vc não tem nada à ver com o que acho da In The Mood, nem sabia que vc era músico/cantor quando me interessei por vc, já te disse isso. É claro que quando fui ver o show autoral, fui TE VER, chegando lá vi um também um trabalho bem elaborado, inovador e pronto pra ser "consumido". Depois de assistir ao show, tive a oportunidade de conhecer vídeos no youtube, ter acesso à letras e até de participar da gravação de uma matéria para a TV, tudo isso faz com que a gente se apegue ao trabalho. É isso: Me tornei fã.

E isso tudo independe de qualquer relação com vc, é claro que se vc ou qualquer pessoa da banda me tratar mal eu não vou mais ficar por perto, lógico. Mas acho isso meio difícil de acontecer, pq não há motivo. Quando gosto de algo ou de alguém costumo estimular, é meu jeito, sou professora. Mas quando vc fica questionando meu interesse pela banda eu me sinto na necessidade de te explicar que não tem nada à ver com meu carinho por vc.
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P.S.: Quanto ao que vc disse sobre eu ser especial, Levi... bem, o que dizer? Eu me acho uma mulher legal, sim. Há algumas pessoas que também acham e me dizem isso também e mostram, com atitudes. Fico feliz em vc pensar isso à meu respeito. Mas sinceramente palavras fazem pouca diferença na vida da gente. Ouvir que se é especial é diferente de ver alguém mostrando para o mundo que nos acha especial. Palavras são lindas e maravilhosas de ouvir, nos encantam e dão alegria, mas ser "especial" para alguém é mais do que isso...

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E querer já ficou perigoso...
"Não se apaixone."
Como alguém pode me dizer isso?! Só quem não me conhece mesmo!
Apaixonar é vício... necessidade de vida.
Eu respiro nos suspiros, meu coração só bate para fazer vibrar o sangue, a pele se mantém aquecida com a única intenção de arrepiar, a musculatura só reage para o corpo tremer... Alma e corpo em sintonia com o amor.
Esse Amor erótico, desejante, febril. Esse Amor da carne.
Se ainda vivo é porque vive esse Amor em mim, que me dá força, coragem e esperança.
Não me deixe aqui, assim... te esperando. Amanhã me derreto em você e









23.5.14

Uma fome de "não sei o quê".



Eu nem sabia que também poderíamos morrer de tanto querer.
Da primeira vez que a vi, achei que estava com fome. Acertei! Conheço cara-de-fome de longe.

O problema era o tipo de fome que sentia. Tinha fome de tudo e de nada. Queria o Mundo, talvez o Universo, tudo, num instante só. Às vezes só queria, nada especificamente, parecia ser apenas um desejo, uma vontade não sei de quê, que jamais poderia ser satisfeita. Outras vezes queria tudo o que não poderia querer: queria o céu do meio-dia e a lua, cheia, à meia-noite. Queria todos os opostos e contrapostos, queria a dor do prazer a inutilidade do dizer. Queria também não ter que dizer, sentir apenas e, assim, ser atendida. Era seu vício. Difícil.

Nos conhecíamos desde pequenas e já naquela época ela me disse da fome que sentia. Quando bebê, chorava muito e o leite de sua mãe não lhe agradava em nada, diga-se de passagem. Me contou que a pobre mãe, que não sabia o que fazer, jovem que era, chorava também. E, para vocês verem o que é instinto materno, foram as lágrimas da mãe que a alimentaram.

Eu, que sempre fui comilona, nunca a entendi. Confesso que me impacientei algumas vezes quando a vi com tanta fome e sem saber o que queria comer. Na contradição, nos tornamos amigas, confirmando o velho Blake.

Claro que nossa principal diversão era comer. Vez ou outra comíamos bolhas de sabão, não eram lá muito saborosas, mas depois de uma boa refeição voávamos juntas - furta-cores - até que, num estouro voltávamos para casa, correndo e querendo não levar um 'carão' das mães. Comíamos de tudo: sopa, feijão e livros. Lambíamos baterias e sorvetes de chocolate. De tudo o que fazíamos juntas, o que eu mais gostava era de beber água da chuva para, em seguida, mijar rios inteirinhos!

Em compensação, detestávamos dormir, isso tínhamos em comum. Dormir é importante! - advertiam nossas mães. Ela, surpreendentemente mais paciente que eu, me mostrou que poderia ser até divertido, se soubéssemos como fazer, é claro! Morri tantas vezes que desta vez, já nasci com medo da morte e dormir, definitivamente parecia com morrer.

-Não vejo diversão em dormir! - protestei.
-Isso é porque você não prova os sonhos. - respondeu.

Foi assim que aprendi a sonhar. Juntas conversávamos sobre todos os nossos desejos, vontades e quereres, então sonhávamos. Comíamos cada pedacinho solto de sonho com hashis que fizemos da beliche em que dormíamos juntas o sono da tardinha, e assim crescemos saudáveis, de tanto comer sonhos.

Minha família e eu nos mudamos e não a vi por muito tempo, nos correspondíamos apenas e em suas cartas me contava sobre os muitos sabores das cores, em especial do gosto ruim que tem o marrom, parece terra, ela disse. Na verdade não gostava lá de muita coisa, era exigente e queria sabores nunca antes experimentados, coisa difícil de se achar num supermercado.

Da última vez que a vi estava magra, quase esquelética. Fui visitá-la, levei um beijo e um sonho, não um beijo ou um sonho qualquer, mas aqueles que eu sabia que eram seus preferidos, beijinho de coco e sonho recheado com chocolate. Comeu pouco, acho até que apenas os cheirou, mas cheirava com tanta intensidade que as coisas secavam. Tocava com tanto querer, olhava com tanto desejo que se consumia a si mesma de tanto querer aquilo que não tinha.

Morreu, tadinha.

Morreu sem ter o que desejava, incapaz que era de pedir o que queria, ficou faminta, desnutrida. Morreu, enfim.

Depois de morta, pensou "Que alivio! Agora acabou!"

Morta como estava pensou até que aquele gosto de satisfação fosse um devaneio de fantasma, pena que ela nunca acreditou em fantasmas... Então sumiu, conformando-se com o insaciável desejo de "não sei o quê".





25.4.14

A culpa é dela!

Essa moça...


para Érika.



Quando essa moça passa
não tem quem não ache graça.
É uma beleza,
mistura de raça.
Ela encanta, desembaça a vista
e conquista.
Me disseram até que é comunista, feminista, naturista...
Estes outros tantos istas que me
intrigam e comovem.

Ah! Essa moça...
É sempre bom avisar:
bravura é sua especialidade,
Sai da frente!
Quando a fé vem com vontade
a menina cresce,
nada nem ninguém a impede.

Mas como chora a moça!
Por qualquer coisa,
quando triste, alegre ou brava.
Poucas sabem
Mas a moça-coragem é um doce
como doce de batata-doce.

Essa moça não sabe o que faz
faz a gente se sentir mais forte
mas bela
faz pensar e deixar de preguiça
recomeçar,
Essa moça me inspira.

Respira, moça!
Enche de ar os pulmões e fala,
fala o que pensa, o que sente.
Respira!











23.4.14

Como não amar a Parahyba?

Menina favelada, de cabelo arrepiado e pé no chão, nascida na Baixada Fluminense, crescendo dividida entre o Bairro São José e Mangabeira, completamente apaixonada pela Parahyba.
Registrando aqui a arte produzida na terra do sol, a arte do povo paraibano sem reservas, sem receio, degustada.

16.1.14

Rolêzinho Alienado



Detesto Xópim e algumas "Lutas" são, no mínimo, curiosas.

Não é de hoje que a sociedade civil anda questionando as posturas dos Centros Comerciais, conhecidos popularmente aqui na Colônia como "Shoppings". Um centro comercial é um centro comercial e só. Não é uma área de convivência.

Nunca entendi a motivação de algumas pessoas em ir passear no "Xópim", "ver as lojas", etc... As "Praças de Alimentação" destes estabelecimentos parecem verdadeiras cocheiras onde um monte de animais da espécie humana, comem uma comida ruim e artificial como o próprio ambiente, enquanto fazem, em uníssono, um barulho indigesto e ensurdecedor. Toda essa "diversão" acontece depois de longos passeios por infinitos corredores com iluminação artificial, plantas artificias e gente artificial. Quando podem, compram. As compras são, em geral, produtos feitos por escravos cearenses, bolivianos, chineses... produtos que custam R$ 0,89 mas que o consumidor final paga R$ 200,00, porque o adquiriu dentro de um "Xópim", para piorar ainda repetem a clássica frase: "É de marca!". Que bom...

A colônia e os colonizados continuam desejando ser patrão, ser opressor. Continuam achando que "melhorar de vida" é poder passear no Xópim e ter IPhone. Me disseram que "quando a favela descer os poderosos vão tremer", pena é que a alienação é geral. A favela quer mesmo é subir, quer ser igual à elas e eles, esses aí, os que nunca sentiram frio, os que não sabem o que é não ter um pão dentro de casa, os que estão "acostumados com sucrilhos no prato". Não sou dessas. Não sou de Xópim.

Não me envergonho de ser pobre. Cresci no Bairro São José, às margens. Às margens do Rio Jaguaribe, às margens do Xópim, às margens da sociedade... A padaria mais próxima era a das Lojas Americanas, dentro do Xópim. O segurança olhava a menina da favela, de sandália havaiana (no tempo que sandália havaiana era coisa de favelado, hoje é coisa de Xópim), cabelo pixaim e fazia o que mandavam: seguia. Todos os dias. Ele sabia que eu ia comprar pão, mas sempre me seguia, era a norma do Xópim: Seguir os favelados.

Certo dia fui comprar pão no Xópim e vi, no saguão, uma enorme maquete de como ficaria aquele empreendimento depois de uma grande reforma, nem mesmo prestei atenção no prédio da maquete, a única coisa que me chamou a atenção foi que, ao lado da maquete do Manaíra Shopping havia apenas um rio (limpo!) e um vale. O bairro São José, meu lar, não estava na maquete e nunca estaria, nós éramos a sujeira, éramos os indesejados, não fazíamos parte da cidade. Eu era criança e nunca mais entrei no Xópim. Passei mais de 10 anos da minha vida evitando aquele lugar. Evitando aquela humilhação.

Eu não preciso do Xópim, nem pra dar um "Rolezinho". 

Algumas amigas, ávidas por uma oportunidade de emprego, foram até lá, de currículo na mão e coração cheio de esperança pois, como eram vizinhas acreditavam ter mais chance, até porque o empregador economizaria com passagem. Lêdo engano. Eles não contratavam favelados. Mas isso era naquela época! Hoje tem favelado trabalhando no Xópim, "o Sistema dá oportunidade à todas as pessoas", é só querer! Podemos ser faxineiros, cozinheiros e até seguranças! É um privilégio...

Os "lelekes", são pobres como eu e tem, em sua maioria, cabelo pixaim como o meu, e, assim como eu, não tem grana na carteira. Querem dar um Rolêzinho porque as cidades esqueceram deles, fizeram planos e simplesmente os apagaram da paisagem. Eles não estão lá. O Xópim não os quer lá.

Tudo isso é muito previsível o que não é previsível e também é quase intragável é uma sociedade se organizar para debater a liberdade de acesso aos Xópins.

Que se danem os Xópins e seus empresários. Seu lucro e sua exploração. Eu não quero ir ao Xópim porque lá é uma grande senzala onde comerciários trabalham até 12 horas/dia, onde ricos-ladrões vão para esbanjar sua grana e preencher os vazio de suas almas e onde a classe mérdia compra status social parcelado em 12 vezes sem juros.

A colônia Brasil mantém um apartheid obsceno e enrustido, vergonha para qualquer nação, mas confesso que não estou disposta entrar no front de batalha para ter direito à entrada no Xópim. 

Quero ter direito à Praças, Centros Culturais e Esportivos, Teatros, Cinemas e Bibliotecas.

Os Centros Comerciais precisam de regularização, ponto. Não é possível que estes ambientes estejam acima de tudo e de todos e que possam fazer dalí um covil de discriminadores, racistas e homofóbicos. É preciso exigir que estes estabelecimentos tenham responsabilidade social e comprometimento com o bem estar de seus frequentadores, como por exemplo a obrigatoriedade de montar um pronto-socorro para evitar episódios como o do cliente que, vítima de um AVC, foi jogado na calçada do Manaíra Xópim, enquanto esperava o SAMU chegar e morreu.

Quero ser tratada como gente. Gente de verdade, que sente e pensa. Meu valor para o mundo não está no que visto ou consumo mas em minhas atitudes, pensamentos e sentimentos. Sou muito mais do que uma marca. Sou favelada e sei o que é sofrer, sorrir e viver de verdade, não preciso de Xópim.

***
Sinto saudade dos cinemas no Centro da cidade...







7.1.14

Feliz Ano Bom!

[ou Da Política que queremos]



Começamos o período de 2014.
Meu desejo é o de um ano de muito aprendizado e fortalecimento de valores.
Parafraseando Caetano, pergunto à vocês "O que quer, o que pode esta Juventude?"
Que Política queremos?
Por diversas vezes estive à sós com algumas das pessoas que colaboram no mesmo agrupamento político que eu e perguntei-lhes sobre seus sonhos e objetivos, boa parte não soube o que responder.
É muito triste quando se percebe o quão perdida está a Juventude de um país e, a partir disso, se percebe o porque de uma nação como o Brasil estar tão entregue aos desmandos dos politiqueiros de plantão. A Juventude brasileira vive um momento curioso, as "Revoluções de Junho" e os "coxinhas" mostraram o que já sabíamos: questionamos o que não conhecemos, mais uma vez somos feitos de "massa de manobra", mais uma vez somos apenas números.
O que queremos? Empregos na Administração Pública? Liberação financiada por parlamentares-de-rabo-preso? O que queremos afinal?
Eu sei o que quero. Quero construir dentro de mim valores morais e políticos que me ajudem à entender e a contribuir com o meu país e com o mundo em que vivo. Sou pobre e não tenho vergonha disso, preciso de emprego e de salário, como a grande parte de nós, tenho apenas alguns fins-de-semana e, talvez algumas noites para dedicar à Política, mas não à essa política partidária, estéril e frígida, na qual estamos imersos até o pescoço.
Quero a Política, aquela que pensa a Pólis, aquela que quer mudar o mundo e fazer dele um lugar melhor pra se viver.
Sei também o que NÃO quero: Não quero Atas manipuladas para "tentar driblar o sistema", não quero acordo, não quero aliança, não quero politicagem. Perdoem se pareço reacionária, não falo assim porque me acho melhor que as outras pessoas, apenas por um ponto de vista estratégico que me fez perceber, que este caminho "escolhido" por nós, não agregou em nada! Só fez de nós MAIS DO MESMO.
Quero MAIS! Quero fazer da minha militância como aprendi quando adolescente, com o exemplo do próprio Partidos das Trabalhadoras e Trabalhadores, quero conhecer minha comunidade, a menina da padaria, o rapaz do posto de saúde, a tia da tapioca... Quero saber quem é o povo pelo qual eu "digo" que luto. Seus sonhos e suas dificuldades.
O pouco que dou é muito mais do que muita gente já sonhou em oferecer. Não preciso estragar minha vida, passar fome ou andar quilômetros à pé para fazer Política, o que faria sem reclamar se realmente fosse preciso. Estou cansada dessa visão romântica de militância, isso não é e nunca foi verdade.
Preciso me formar antes de sair por aí falando bobagem, preciso conhecer e conviver com meus pares e, principalmente, entender que militância é uma obrigação que tenho comigo mesma, por minha consciência.
Quando denuncio uma violência contra uma mulher, contra uma criança ou um animal estou fazendo política, quando me informo sobre o que acontece, estou fazendo Política. Quando me importo com as outras pessoas estou sendo, também, uma pessoa política.
Estratégias alinhadas, reconhecimento, espaço... Isso tudo é uma grande, uma enorme, uma tremenda bobagem! Não teremos isso, nada disso. Ninguém que se importe com um pobre terá espaço ou reconhecimento e a única estratégia válida é a de ser sincero.
Quem de vocês se importa?
Quem de vocês tem alguma preocupação com algo além do próprio umbigo?
Se houver algum entre nós que pense também no outro, além de si, estaremos no lucro e poderemos fazer grandes coisas. Só não espero (e nem desejo) que estas grandes coisas sejam nomes em executivas, grana no bolso ou status social.
Podemos fazer coisas bem mais importantes e são muitas!
Não abandonei o MAIS e nem pretendo, pouco importa o nome, para mim, onde eu estiver, estarei fazendo Política, pq isso faz parte de quem eu sou.
Se algum de vocês faz parte da Pólis e se importa com ela vamos nos encontrar e ver o que queremos e o que podemos fazer por nós mesmos e por nossas concidadãs e concidadãos.
O meu grande desejo para 2014 é que cada uma de nós descubra para quê veio.
Eu não vim até aqui à toa, e vc?
Você se importa?