Quando a noite cair,
já não serei mais eu.
Uma sombra apenas...
Luto após belos trajes.
Ricos trajes de sol
que a flor da solidão vestiu
pouco antes de murchar,
e murcha é sua forma.
Quando a noite cair,
todo pranto diurno cessará
e dará lugar ao silêncio.
Longa espera, incessante.
É à noite que vejo como sou.
A chama da vela, as sombras trêmulas,
imagens disformes aos meus olhos,
e eu a esperar, solenemente.
Quando a noite cair,
tudo findará, até a dor.
Só eu restarei, ainda esperando
e os objetos inertes a me observar.
Tudo será como sempre,
lúcido, silencioso, calmo.
Tudo será como sempre
Quando a noite cair.