11.11.11

O ano em que completei 30

Sexta-feira, lua cheia, 11/11/2011, 30 anos.

"É 1991.
Talvez seja o tempo mais brilhante e atravessado
pela noite que esse mundo já viu.  Eu tenho 35 anos.
Às vezes quando eu digo isso alguém rapidamente
responde: “Mas não parece”, como se fosse ruim
ter mais de 30 anos. Mas para mim não é assim.
Para mim a infância, a adolescência, os 20 anos,
eu os vivi até o fim para chegar a esta idade.
Eu tenho 35 anos em 1991 e não há nada melhor do que isso."

Marina Lima

Uma noite e tanto!
Tô feliz.

Mais feliz porque sei que o ano finalmente está acabando... pode até parecer bobagem mas eu acredito nessas paradas meio esotéricas/astrológicas e tal e esse ano foi muito pesado mesmo. Não digo com isso que foi ruim mas que foi difícil, ah! isso com certeza. Nunca me vi em uma situação tão difícil, mas pela primeira vez na vida, eu não deixei de sorrir em nenhum momento, mesmo em prantos, com as lágrimas molhando meu rosto eu sorri cheia de esperança. Eu tinha certeza de que daria tudo certo. E deu.


Coisas muito curiosas aconteceram comigo neste ano, passei por várias situações de djavù, me vi resolvendo questões pendentes que jamais imaginei que fosse precisar ou sequer ter a oportunidade. Coisas que eu havia esquecido e que já não me importavam mais. De repente, ao me deparar com determinadas pessoas, com algumas situações, percebi que aquilo ainda doía e foi muito bom ter a oportunidade de curar.



Há 15 anos atrás eu sonhei com essa data. O dia em que faria 30. Como eu estaria, o que estaria fazendo, teria sucesso, amigos, amores, grana, seria inteligente, magra? Havia muita curiosidade naquela adolescente que eu era, a curiosidade de conhecer a mulher na qual eu me transformaria.
Naquela tarde saí pra fazer uma das coisas que mais me davam prazer: Garimpar vinis antigos. Como colecionadora de LP's é claro que o presente que eu me daria só poderia ser um disco. Mas não poderia ser qualquer disco tinha que ser um especial, não tinha ainda em mente, apenas me arrumei e fui ao centro para começar a busca e torcer pra dar sorte, a noite seria a comemoração com as amigas e os amigos, a tarde seria só minha.


Encontrei um vinil da Marina Lima, era aquele. Senti no mesmo instante que seria esse o meu presente. Tenho um problema com compras que faço pra mim... como sou extramamente indecisa preciso bater os olhos no objeto e gostar, se não for assim eu não compro, porque ficaria indecisa entre as outras opções. Quando vi o LP da Marina, foi automático, sou fã, e ao abrir o encarte me deparo com uma foto muito linda dela, corpo inteiro e uma escrita ao lado na qual ela falava sobre ter 30 anos, sobre ser adulta, ser mulher.

Nao sei porque, não entendo nem tampouco saberia explicar, se quisesse, só sei que depois de comprar aquele vinil, ouvir aquelas músicas e ficar pensando sobre o que disse a Marina, tudo mudou muito rapidamente. Tudo. Cada passo que eu dava era pensando na mulher que eu me tornaria, por várias vezes me decepcionei comigo mesma, não alcancei minhas próprias espectativas, mas sempre caminhava para aquilo que seria o meu ideal de mulher, o que eu queria fazer e como queria ser aos 30.

Jamais passou pela minha cabeça que eu seria divorciada, mas era certo demais que eu iria morar só, numa casinha pequena e simples que eu iria amar, que teria amig@s, muit@s. Imaginei que eu estaria em forma, mas acho que avida boêmia não contribuiu muito, assim como foi também com a graduação, que está atrasada demais! Aos quinze eu tinha certeza sobre tudo, hoje, aos trinta, tenho certeza de que sou uma boba, que não sei de nada sobre a vida. Me sinto bem melhor assim. Me tornei mais condescendente com meus próprios erros e com os erros de outr@s.
Vivendo um dia de cada vez, aproveitando cada pequeno momento de felicidade, descubro aos poucos que 30, não é estar pronta, é mais que isso, é só o começo. É agora que minha vida - a MINHA - começa. Agora sou adulta, livre, cada vez mais viva e aproveito ao máximo cada etapa dessa vida.

Comemorei meu aniversário com amigas e amigos, me diverti, dancei, me emocionei, senti meu coração bater mais forte ao receber os parabéns dele... 

Enfim, 11/11/11 seria uma noite única na minha história e foi. Na manhã seguinte olhei pela minha janela, aquela, a do quarto, a luz invadia cada espaço, e me senti feliz, pronta pra começar, recomeçar. Me reencontrei com aquela menina de 15 anos e finalmente acertei as contas com ela, estamos quites, não devemos mais nada uma à outra.

Felicidade rima com paz...




4.11.11

Vida Boêmia



Essa legião odiada
de putas e viados,
suas festas e paradas...
deixam ainda mais linda a cidade!

Ah! Essa cidade...
Tão belas as luzes acesas
dos cabarés abertos!

Andamos por ruas coloridas
de casarões abandonados
fumando, bebendo, gozando
as noites de sábado.

Curando a ressaca e as dores
(ou seriam amores?) nas praias de domingo.
Cidade pequena de gente que teima
em ser livre, em ser leve.

Amor, não me leve. Não peque!
Não me roube daqui!
(da vida boêmia, da cidade pequena...)
Eu preciso dela e ela de mim.