20.11.09

De mim.




Não sei de mim.
Não sei o que deveria saber
desses poemas-grãos,
Por isso falho.
Calo.






Há um poema,
sou eu.





É tão cedo!
E já passou tanto tempo...
Não sei dizer de mim.
Por isso a falta de ritmo.




13.6.09

Assim, passado.


Te ver me ver
Você assado, passado.
Eu assim, enfim!

Rejeição e olho comprido.
Da fronte erguida,
nada resta.

Segura entre as mãos
a juventude perdida
que como água se esvai.


Migalhas de vida
e rugas na testa.





3.5.09

À noite





Quando a noite cair,
já não serei mais eu.
Uma sombra apenas...
Luto após belos trajes.

Ricos trajes de sol
que a flor da solidão vestiu
pouco antes de murchar,
e murcha é sua forma.

Quando a noite cair,
todo pranto diurno cessará
e dará lugar ao silêncio.
Longa espera, incessante.

É à noite que vejo como sou.
A chama da vela, as sombras trêmulas,
imagens disformes aos meus olhos,
e eu a esperar, solenemente.

Quando a noite cair,
tudo findará, até a dor.
Só eu restarei, ainda esperando
e os objetos inertes a me observar.

Tudo será como sempre,
lúcido, silencioso, calmo.
Tudo será como sempre
Quando a noite cair.



22.4.09

Ofício




Faz-se necessário
que hajam palavras
em mim.

Não tatuo.
Terão de vir à tona.
De dentro.

Labirinto sem linha
por onde me perder,
achar, revelar.

Sou minha.
Sou corpo e alma nua.


Quero
o que não tem dono.
O que for de outro,
abandono.