15.12.11

Carpe Diem



"Apressa-te a viver bem
e pensa que cada dia é,
por si só, uma vida."
Sêneca



Quando tudo que planejamos muda radicalmente, quando sentimos que somos impotentes em relação à vida e ao rumo das coisas, dá uma vontade danada de desistir!
Eu nem sei o que faço mais pra continuar, às vezes me olho e parece que apenas estou sobrevivendo. Tenho um medo enorme disso. Não é assim que quero viver. Só que nos últimos anos fiz tantos planos e foram tantas frustrações que não ouso sequer pensar num possível plano.

Tô nessa de um dia de cada vez mesmo. Sem expectativas.
Só isso.
Um dia de cada vez.


Ando tentando aproveitar cada minuto do meu tempo, mesmo quando estou "de bobeira" só jogada em cima da cama, ouvindo música e morrendo de preguiça, ainda assim acho que é tempo muito bem aproveitado, e nem tô falando de ócio criativo não, viu! É só ócio mesmo.




Essa semana andei vendo umas fotos do ano passado, o álbum chamava-se "família", fiquei meio triste, parecia que era outra vida, de outra pessoa, em outro tempo. Confesso que senti saudades. Saudades de uma estabilidade, de uma rotina feliz, é meio estranho porque sei que as fotos são apenas registros de um momento. Ninguém posa pra foto quando está agredindo.




A saudade daqueles momentos, não é o bastante pra fazer com que eles sejam reais.
Família é muito mais que fotos bonitas.
Mudei o nome do álbum: Vidas Passadas
Chorei muito.
Acabou.
 


Sem planos, refaço meus dias, minha rotina, meu mundo.
Minha vida recomeçou, não porque eu quis mas porque precisei.
Sobreviver. É instinto. É necessário.
Quero sobreviver à tudo que passei e lá na frente depois que tudo isso estiver curado dentro de mim talvez eu sente e planeje. Por enquanto quero apenas viver.


 
Há alguns anos eu estava às tontas entre os planos de casamento, filhos e formatura.
Hoje eu quero caminhar com minhas cadelinhas de manhã e pagar a conta de água, que está atrasada. Depois do almoço acho que preciso ter paciência com meu chefe. À noite, quero dormir deitada no peito daquele que também quer estar ao meu lado e colher beijos em sua boca com a delicadeza de quem colhe morangos maduros.

Colher o dia como se fosse o último, o único.

Carpe Diem



11.11.11

O ano em que completei 30

Sexta-feira, lua cheia, 11/11/2011, 30 anos.

"É 1991.
Talvez seja o tempo mais brilhante e atravessado
pela noite que esse mundo já viu.  Eu tenho 35 anos.
Às vezes quando eu digo isso alguém rapidamente
responde: “Mas não parece”, como se fosse ruim
ter mais de 30 anos. Mas para mim não é assim.
Para mim a infância, a adolescência, os 20 anos,
eu os vivi até o fim para chegar a esta idade.
Eu tenho 35 anos em 1991 e não há nada melhor do que isso."

Marina Lima

Uma noite e tanto!
Tô feliz.

Mais feliz porque sei que o ano finalmente está acabando... pode até parecer bobagem mas eu acredito nessas paradas meio esotéricas/astrológicas e tal e esse ano foi muito pesado mesmo. Não digo com isso que foi ruim mas que foi difícil, ah! isso com certeza. Nunca me vi em uma situação tão difícil, mas pela primeira vez na vida, eu não deixei de sorrir em nenhum momento, mesmo em prantos, com as lágrimas molhando meu rosto eu sorri cheia de esperança. Eu tinha certeza de que daria tudo certo. E deu.


Coisas muito curiosas aconteceram comigo neste ano, passei por várias situações de djavù, me vi resolvendo questões pendentes que jamais imaginei que fosse precisar ou sequer ter a oportunidade. Coisas que eu havia esquecido e que já não me importavam mais. De repente, ao me deparar com determinadas pessoas, com algumas situações, percebi que aquilo ainda doía e foi muito bom ter a oportunidade de curar.



Há 15 anos atrás eu sonhei com essa data. O dia em que faria 30. Como eu estaria, o que estaria fazendo, teria sucesso, amigos, amores, grana, seria inteligente, magra? Havia muita curiosidade naquela adolescente que eu era, a curiosidade de conhecer a mulher na qual eu me transformaria.
Naquela tarde saí pra fazer uma das coisas que mais me davam prazer: Garimpar vinis antigos. Como colecionadora de LP's é claro que o presente que eu me daria só poderia ser um disco. Mas não poderia ser qualquer disco tinha que ser um especial, não tinha ainda em mente, apenas me arrumei e fui ao centro para começar a busca e torcer pra dar sorte, a noite seria a comemoração com as amigas e os amigos, a tarde seria só minha.


Encontrei um vinil da Marina Lima, era aquele. Senti no mesmo instante que seria esse o meu presente. Tenho um problema com compras que faço pra mim... como sou extramamente indecisa preciso bater os olhos no objeto e gostar, se não for assim eu não compro, porque ficaria indecisa entre as outras opções. Quando vi o LP da Marina, foi automático, sou fã, e ao abrir o encarte me deparo com uma foto muito linda dela, corpo inteiro e uma escrita ao lado na qual ela falava sobre ter 30 anos, sobre ser adulta, ser mulher.

Nao sei porque, não entendo nem tampouco saberia explicar, se quisesse, só sei que depois de comprar aquele vinil, ouvir aquelas músicas e ficar pensando sobre o que disse a Marina, tudo mudou muito rapidamente. Tudo. Cada passo que eu dava era pensando na mulher que eu me tornaria, por várias vezes me decepcionei comigo mesma, não alcancei minhas próprias espectativas, mas sempre caminhava para aquilo que seria o meu ideal de mulher, o que eu queria fazer e como queria ser aos 30.

Jamais passou pela minha cabeça que eu seria divorciada, mas era certo demais que eu iria morar só, numa casinha pequena e simples que eu iria amar, que teria amig@s, muit@s. Imaginei que eu estaria em forma, mas acho que avida boêmia não contribuiu muito, assim como foi também com a graduação, que está atrasada demais! Aos quinze eu tinha certeza sobre tudo, hoje, aos trinta, tenho certeza de que sou uma boba, que não sei de nada sobre a vida. Me sinto bem melhor assim. Me tornei mais condescendente com meus próprios erros e com os erros de outr@s.
Vivendo um dia de cada vez, aproveitando cada pequeno momento de felicidade, descubro aos poucos que 30, não é estar pronta, é mais que isso, é só o começo. É agora que minha vida - a MINHA - começa. Agora sou adulta, livre, cada vez mais viva e aproveito ao máximo cada etapa dessa vida.

Comemorei meu aniversário com amigas e amigos, me diverti, dancei, me emocionei, senti meu coração bater mais forte ao receber os parabéns dele... 

Enfim, 11/11/11 seria uma noite única na minha história e foi. Na manhã seguinte olhei pela minha janela, aquela, a do quarto, a luz invadia cada espaço, e me senti feliz, pronta pra começar, recomeçar. Me reencontrei com aquela menina de 15 anos e finalmente acertei as contas com ela, estamos quites, não devemos mais nada uma à outra.

Felicidade rima com paz...




4.11.11

Vida Boêmia



Essa legião odiada
de putas e viados,
suas festas e paradas...
deixam ainda mais linda a cidade!

Ah! Essa cidade...
Tão belas as luzes acesas
dos cabarés abertos!

Andamos por ruas coloridas
de casarões abandonados
fumando, bebendo, gozando
as noites de sábado.

Curando a ressaca e as dores
(ou seriam amores?) nas praias de domingo.
Cidade pequena de gente que teima
em ser livre, em ser leve.

Amor, não me leve. Não peque!
Não me roube daqui!
(da vida boêmia, da cidade pequena...)
Eu preciso dela e ela de mim.




22.10.11

Quero um "Não"!



"Um dia desses
Num desses
Encontros casuais
Talvez a gente
Se encontre
Talvez a gente
Encontre explicação..."
Humberto Gessinger

Entre um SIM e um NÃO, não existem um talvez, o talvez que se dane, não se vive de talvez.

Quero um NÃO, e digo isso de coração partido, mas se alguém é incapaz de me dizer um SIM, rejeito o TALVEZ e peço o NÃO.
Quero coragem em todas as minhas relações, quero que me deixem ir.

Encontros, desencontros... Outros e outras vem e vão.

Eu continuo no encanto. No encantamento de minha liberdade. A liberdade de ser quem eu realmente quero ser. De falar tudo o que sinto sem me omitir para agradar quem quer que seja. Ninguém precisa ter medo de me magoar com a verdade. Anseio por ela todos os dias da minha vida.

Há uma verdade há muito guardada, uma verdade e um sentimento dentro de mim que eu pensei que havia esquecido e hoje sei que estão mais vivos do que jamais estiveram.
Quero paz.

Me apaixono ao meu modo, uma paixão toda minha... Invento meus amores para me manter viva, pulsando.

Desconfio muito dos fortes, tenho pra mim que só quem já sofreu muito pode ser forte e quem já sofreu demais passa a ver a vida com uma certa amargura, não quero isso pra mim, não quero me tornar alguém vazia e amarga. 

Gostaria de tirar meu coração dessa terrível condição de espera. Poder permitir que os amantes tornem-se, quem sabe, amados.

Sei que um dia, quando puder e quiser, o amor estará aqui. A mim só caberá estender a mão.

Queria muito dizer NÃO para mim mesma, parar de sonhar com coisas que parecem tão distantes!

Mas sei que não posso. Não consigo deixar de sonhar.

Quanto aos covardes, tenho pena. Também já fui assim, também evitei o nãopor motivos totalmente pessoais e egoístas. Quem evita dizer nãoestá mantendoo próprio nome na lista, está tentando manipular, da pior forma, o sentimento alheio. Sejamos sinceros e objetivos, talvez assim possamos compreender que a sinceridade não é tão difícil e que a felicidade do outro também é importante.

Hoje, adulta que sou, aprendi a dizer o que sinto e o que quero, não tenho mais medo. Não também faz bem.







21.10.11

Quando vi o sol nascer



Olá Poeta,

Sinto sua sua falta ao mesmo tempo que o sinto cada vez mais perto. Sensações paradoxais demais até para mim.

Eu procuro algo que mal sei o que é, em todo lugar e em lugar algum, como se no fundo não acreditasse em mim mesma, como se desconfiasse da minha própria sanidade e, como proteção, preferisse o estar com outros ao suplício de sonhar com algo que pode nem ser real.

Pensei ter te visto certa manhã de maio...


Foi um encontro e tanto! Aquele rapaz vinha andando, na mesma direção do sol e havia toda aquela luz ao redor dele! O cabelo crescido e a barba por fazer tudo num castanho claro que com o nascer do sol ficavam ainda mais claros.


O que mais me encantou nele foi o sorriso... Um sorriso enorme, sem motivo aparente. Ele foi chegando e o sorriso virou gargalhada. Encontrou seus pares e eu pasmei, paralisei. Fiquei alí como quem se perde no meio da multidão, sem ação, sem jeito, sem chão.


***

Quem é? De onde ele veio?

Ah! É ele?!?!?! É esse?


***
Apesar de todo o encantamento que senti ainda sim , eu sabia o quanto era diferente.

Inconfundível.

Vivendo feliz com ilusões, com expectativas, com "amores inventados". Detesto estas "verdades" que tentam me impor, quero a verdade dos amantes, daqueles que se enganam por conta própria, que amam mais ao amor do que ao ser amado! Quero poder amar assim.

***
Sobrevivi a tudo o que aconteceu e por hora me contento com o que é palpável, prático.
É bom saber que eu ainda posso ter sentimentos assim, tranquilos... 

Quanto à você, continuo te esperando.

Com todo meu amor.







20.10.11

Cultivando


"Nunca desejei tanto
um sorriso
como desejo ver o seu."

Caio F. Abreu








Olá Poeta,

Tem tanta loucura acontecendo na minha vida... E eu me sinto só, como sempre!

Agora pouco olhei pela porta da sala e parece que vai cair uma tempestade, o céu cinza faz com que eu me sinta com mais medo de enfrentar todas estas coisas que teimam em vir ao mesmo tempo, apesar de tudo, só de estar em casa eu me sinto mais tranquila...

Estar "em casa" é muito bom, hoje entendi o que significa a expressão "de volta ao lar".

***

Esta semana trabalhei muito no jardim, havia muita erva-daninha, a grama tinha ficado toda cheia de buracos e as plantas estavam morrendo, havia uma que estava numa situação pior, uma roseira. Linda. Vermelha.

Deu trabalho, aliás, ainda está dando muito trabalho, minhas mãos e unhas estão de dar vergonha. Não queria que me visse assim... Ainda tem muita coisa pra fazer até que volte a ser o jardim que eu gostava tanto! Apesar de ter perdido metade da roseira - metade dela secou e não houve como recuperar - a outra metade formou um botão - que eu achei que não abriria porque ela estava com poucas pétalas e muito sequinha - acordei cedo e fui ver o jardim pela manhã e como estava bonito!

O botão de rosa abriu!

Fiquei feliz, a rosa conseguiu, desabrochou. Não sei de onde encontrou energia, mas conseguiu...

***


Lá fora está uma loucura, muita coisa pra fazer, muitos compromissos de bobagem, de coisa importante, mas sempre muita coisa, trabalho, faculdade, militância, amigos, família... Quando sobra tempo: Eu...
Só que quando chego, ligo o som que fico por aqui curtindo essa paz, cuido do jardim, tomo um banho, como alguma coisa, leio, fumo... nesse instante da minha vida só há paz e pequenos prazeres!

Nessa hora a única falta que eu só sinto falta de você.

Já me disseram tantas coisas, conselhos de quem não sonha parecem ser os mais inúteis. Sei o quanto sou boba, para não dizer esquizofrênica. Sinto falta de vivências que não tive. No fundo, pouco importa o que dizem. Sempre me permiti viver coisas "reais", vivi cada uma delas intensamente, nunca permiti que um "ideal" atrapalhasse minhas experiências, mas sempre senti que não era a hora, que não era "aquela" pessoa, todas as paixões que senti sempre me causaram a sensação nauseante de um enorme desperdício do meu precioso tempo.

Talvez eu esteja idealizando, talvez não. Sinto que há algo de muito bom chegando, eu não sei como, apenas sinto.

De uns tempos pra cá eu desisti de tentar não sonhar tanto. Há algo maior e mais bonito que qualquer coisa que eu já tenha vivido antes, está bem perto, eu só não vejo ainda. Prefiro cultivar esse amor, aqui dentro de mim, pois sei que em breve, ele vai chegar e saberei dar o que tenho de melhor! Coisas especiais, PESSOAS especiais...

Continuo vivendo, me envolvendo. É tão fácil, tão simples. Mas é sempre só isso. Ainda espero.

Pouco importa, só te escrevi para contar sobre a rosa, ela conseguiu. Nós duas conseguimos.

Com todo meu amor.





30.9.11

Como sempre


Sempre correndo
pra luta!
Sempre fugindo
de mim...

Como uma fera,
ao redor, espreito.
Um, vacilo? Quem dera!
O prenderia no peito.

Sempre cansando
com a vida.
Sempre sonhando
com a outra...

Como uma louca
me porto, comporto
o desejo na boca,
no ventre, no corpo.

Sempre bebendo
seus copos.
Sempre seduzindo
minh’alma.

Como uma dama,
frágil (me entrego)
mas infame na cama!
Sou farol para um cego...





29.9.11

Somos todas Anaydes



Se somos todas Anaydes
sabemos nosso estigma.
Se somos mulheres
na pequena Paraíba,
sentimos o peso desse sexo.


Coragem é nossa lida.
Batom vermelho, saia curta.
Labuta que não tem fim!


Punho esquerdo fechado.
Para luta!
Mão direita estendida...
Para o amor!


Se é dor que sentiremos
bravamente enfrentamos.
Nosso sexo, nosso gênero
nos define, nos inquieta
à resistir...


Se somos todas Anaydes,
que venha a revolução!
A verdadeira, a nossa.


Se corpos ficarem
estendidos no chão
só importa se estarão
sangrando...
ou gemendo de tesão.



Referência carinhosa ao lindo João Cabral de Melo Neto
e carinho às mulheres que são referência para mim.










26.9.11

Porque lutam?


Assim como nós,
também se cansam
mas permanecem.
Na duvida, questionam.
Com medo,
braços dados
retomam a coragem.Perdem teimosamente.
Não gritam só,

também cantam. 
Na luta diária
a doçura de seus corações.
São os que lutam
porque são povo.


Bom dia, Melancolia!





"Melancolia,
maneira romântica de ficar triste."

Mário Quintana




Sempre gostei de janelas. Gosto especialmente da janela do meu quarto, fica bem perto da cama e ilumina tudo ao redor. Volta e meia os pássaros fazem ninhos sob as telhas e eu acordo ouvindo o canto de pardais, bem-te-vis e lavadeiras. Gosto deles, são pássaros comuns.

Hoje o dia amanheceu diferente. A luz na janela, o canto dos pássaros, cada coisa que normalmente me encanta, hoje apenas me lembrava a solidão veio se aninhar dentro de mim. Não acordei triste ou com medo, apenas melancólica e tudo isso por conta dessa estranha sensação que sequer sei explicar. Talvez tenha acordado assim por conta de algum sonho, talvez, raramente lembro dos meus sonhos e até prefiro assim, ele me perturbam, parecem mais reais do que deveriam ser. 

Sonhei que a janela era bem maior do que é na verdade e abria-se, por completo. Oxalá os devaneios e sonhos norteiem a tempestade da minha alma, construam pontes para alcançar o que desejo. Tento quantas vezes forem necessárias, tento até aprender à tentar direito, até entender melhor. Enquanto não entendo, sinto. E o que sinto é uma saudade desesperada de algo que nunca vi, mas sei que existe.

Não me engano, não evito. Sinto, saboreio e sofro cada vão sentimento que teima em fazer de mim sua morada. Saber para, talvez, entender.

Melancólica e solitária, desabafo em Virgínia, entorpeço em Drummond, inspiro em Caio, expiro Pessoa e encarno Anayde. Ainda me sinto só e temo me perder outra vez. Novamente amanhece e abro a janela, a poesia vem embalar meu sono em melancolia.

Com todo o meu amor.


“Eu não sou tão triste assim,
é que hoje eu estou cansada”


Clarice Lispector










24.9.11

Movimentando

"Olêêêêêê, olê, pelego!
Olêêêêêê, olê, pelegá!
tu desaprende a embuchar urna
que eu te ensino a militar!"

Movimento Estudantil - UFPB


Meu primeiro contato com o Movimento Estudantil foi  aos 15 anos, no grêmio da escola estadual que frequentei. Lembro bem que naquela época já era claramente definido que os estudantes que se envolviam com "essas coisas" eram os "sem futuro", os que só queriam saber de bagunça!

Participar de ME nunca foi muito o foco da minha militância, minha tendência sempre foi a demanda dos movimentos sociais e hoje minha principal bandeira é a questão de gênero (movimento feminista e causa LGBTT), mas ao receber o convite pra compor a "Chapa 04 - Cantamos, gritar só não basta!" senti a importância deste processo e a conjuntura em que hoje encontra-se a UFPB.

Nunca vi minha universidade tão afogada na apatia como agora, é triste ver como os estudantes não acreditam que vale à pena se expor, se mobilizar pra questionar o que está posto, não apenas engolir o sapo e aceitar pacificamente que nossos direitos sejam pouco a pouco tirados de nossas mãos com toda a facilidade.

Tenho uma preocupação especial com meu curso (Letras). Estamos formando futuros professores e pesquisadores de língua e literatura e minha questão é: qual a capacidade crítica desta geração de professores? Seremos formadores de opinião, conseguiremos contribuir com o processo de aprendizagem de nossos educandos, eles sairão da escola sabendo pensar e refletir criticamente?  Ou seremos meros reprodutores de um conhecimento que exclui cada vez mais?!

Participar deste processo foi muito bom, estar ao lado de pessoas realmente comprometidas com a justiça social e com a luta do povo, sempre é gratificante. Algumas das pessoas que estavam inseridos neste processo são amigas e amigos de longa data, outras eu fui conhecendo no decorrer da campanha. Como é bom ver aquelas pessoas tão entregues à uma causa, dormindo uma, duas horas por dia, jantando pão com mortadela, caminhando mais do que pés e pernas podiam suportar...

Garantir o espaço e a voz do estudante é fundamental na garantia dos direitos de todos, são os estudantes que tem, na maioria das vezes, um pouco mais de tempo e de disposição pra ir às ruas exigir os direitos de toda a sociedade. 

Em João Pessoa parece que há um problema muito particular com o ME: ele atua. O ME incomoda, enche o saco mesmo! É um grupo pequeno mas politizado e consciente do que vem ocorrendo na cidade e no estado. É claro que há vários grupos, pessoas independentes, juventudes de vários partidos, etc e tal, mas quando me refiro ao ME estou realmente falando dessas mesmas pessoas que estavam na campanha #contraoaumentojp, na ocupação da câmara dos vereadores, quando estes aprovaram as OS's... enfim, todas as lutas que sempre travamos na cidade. O resultado dessas eleições reflete, em muito, a perseguição política que o ME vem sofrendo.

Não falo daqueles que só aparecem em época de campanha, gente que não tem nenhum compromisso com as demandas da comunidade acadêmica, fraudando urnas, batendo em pessoas de outras chapas, e pasmem, batendo também em mulheres! Quando faço referência ao ME, falo das pessoas maravilhosas, que vem construindo esse trabalho, pessoas que muitas vezes abrem mãos de suas "demandas pessoais", que sabem que não vão poder descansar, dormir, comer, se divertir, namorar, enquanto aquela tarefa não estiver cumprida, porque sabem que uma simples tarefa não cumprida pode colocar à perder o trabalho de todo um coletivo e os direitos de muita gente!

Então eles se cansam, mas permanecem. Quando tem dúvidas, questionam.  Quando agredidos, não se intimidam. Se sentem medo, de braços dados a coragem revive. Perdem, e continuam lutando. Gritam, porque não são ingênuos e manipuláveis, mas cantam porque sua luta contém toda a docura de seus corações.

Lutam por tudo aquilo que acreditam!

Elas e Eles lutam porque são povo.


18.9.11

Grandes paixões - Parte III

Parte III
Enfim, as mulheres!!!

“Que nada nos limite...
 Que nada nos defina...
 Que nada nos sujeite...
 Que a liberdade seja a
 nossa própria substância..."
Simone Beauvoir

Minha MAIOR paixão (as mulheres) gerou uma série de brincadeirinhas-homofóbicas-de-mau-gosto, e eu já sem muita paciência fui explicar que amo as mulheres porque elas são incríveis, além do fato óbvio de que EU SOU MULHER!

Alguns intelectuais na mesa (de bar, é claro!) disseram que suas maiores paixões eram "livros, música e cinema", outros "sexo, comida e cigarros", e mais tantas outras coisas interessantes!

Não se entristeçam comigo! Eu gosto de livros (porque falam de mulheres, homens e às vezes até de cães - Marley que o diga!), gosto também de música, principalmente da que é feita por mulheres ou para mulheres, também gosto das músicas em que os homens usam suas belas vozes para cantar e encantar e também daquelas músicas em que os cães fazem participações especiais, né Tia Rita Lee? Cinema? É bom demais (se tiver mulheres, homens e se aparecer um cachorrinho fica melhor ainda!). Sexo, comida e cigarros eu só gosto mesmo é de compartilhar com mulheres e homens. Cachorros não! Me poupem!

Idiotices à parte, eu adoro as mulheres, elas me encantam e me fazem admirar cada vez mais o ser humano, saber que apesar de todo o nosso sofrimento, de todas as coisas pelas quais passamos, violências em níveis diversos (psicológica, moral, física...), apesar de tudo isso ainda somos seres humanos incríveis e fortes, fomos capazes de superar nossos opressores e mesmo sendo agredidas e mortas diariamente, nós continuamos aqui, resistindo!

Nós temos uma capacidade inacreditável de amar, para as mulheres, em sua maioria, amar é fácil! E como precisamos de amor nessa sociedade doente em que vivemos! Que bom que somos assim. Santo Agostinho dizia que "Não interessa tanto o que a gente sofre, mas como sofre. Remexidos de igual maneira, o lodo exala horrível mau cheiro, o ungüento, suave perfume."


Queremos ser tratadas como iguais, sabemos que somos diferentes, somos mulheres, mas antes de sermos mulheres, somos seres humanos, portanto somos iguais. Somos seres humanos e queremos ser tratadas com tal.


Nascemos pela dor, ainda jovens conhecemos as dores de nossos corpos, mensalmente em nossos ciclos menstruais, sentimos a dor do amor e a dor do sexo antes de experimentar seu prazer, e para gerar e continuar parindo nossa espécie, mais uma vez sentimos a dor, ainda assim sobrevivemos e continuamos à amar... Somos fortes, a nossa DOR é signo máximo de nosso gênero, é nosso estigma.

Por tudo isso e por muito mais EU AMO AS MULHERES!!!




Grandes paixões - Parte II

Parte II
Os homens.

"Não tentes ser bem sucedido,
tenta antes ser um homem
 de valor."
 Albert Einstein



AMO OS HOMENS

Não amo apenas no sentindo de ser apaixonada pelo gênero humano, pela humanidade em si, eu realmente tenho uma grande admiração pela humanidade, mas quando me refiro aos homens estou falando do gênero mesmo, não me refiro à canalhas e espancadores de mulher, me refiro aos HOMENS e tenho por eles muito apreço e admiração.

AMO OS HOMENS e todas as suas complexidades, adoro me inserir no meio deles (nós, pessoas humanas, quando estamos em "bando" ficamos ainda mais malucos), gosto de ver como reagem às suas tristezas e alegrias, suas torturas coletivas e de pouco sentido para mim.

Sempre tive mais amigos do que amigas, gosto muito de ficar papeando com o meninos, acho divertido! Dia desses conversava com um deles sobre o papel atual do homem na sociedade, conversamos muito e não chegamos à nenhuma conclusão, sabemos que muitos homens sentem-se deslocados, sem referencial sobre quem são e sobre sua importância enquanto gênero masculino... cada vez mais acredito que o que importa na realidade não é nosso gênero e sim nossa espécie. Somos humanos, e é enquanto humanos que devemos buscar nossos referenciais. Seres coletivos que precisam aprender a conviver e se relacionar.

Odiar os homens, isso não é pré-requisito para ser feminista, sou feminista e acredito que os homens podem ser grandes aliados na luta das mulheres por equidade de direitos.

Há homens que passaram pela minha vida e a marcaram profundamente, meu pai, meus irmãos, grandes amigos, amores e até mesmo meu pequeno Samuel (sei que ele teria sido um grande homem...), esses homens, os quais eu tive a oportunidade de conhecer mais de perto, são referência pra mim, pude analisá-los por algum tempo e descobrir coisas maravilhosas sobre eles.

Ainda há muito o que se questionar sobre o papel do homem, as cobranças sofridas por eles nessa sociedade heteronormativa (que pré-julga e quer definir padrões de comportamento),  as vivencias de paternidade e de sexualidade, e este debate tem sido ampliado, é necessário que estejamos prontas e prontos para conhecer as necessidades dos homens e criar soluções para as relações de gênero.

Aqui alguns vídeos sobre MASCULINIDADES, produzidos por entidades que trabalham esse tema:



Se vc quiser saber mais sobre MASCULINIDADES acesse o site do Instituto Papai


Gosto de pensar sobre eles e com eles, ouvi-los e conhecê-los um pouco, já que nunca saberei, realmente, o que é o universo masculino, apenas transito por ele como uma intrusa interessante, que só é tolerada porque é louca por futebol!

Por essas e outras que... EU AMO OS HOMENS!






Grandes paixões - Parte I

PARTE I
Os cães.


"Os animais existem por suas próprias razões. Eles não foram feitos para humanos, assim como negros não foram feitos para brancos ou mulheres para os homens."

Alice Walker




Dia desses me fizeram uma daquelas perguntinhas cretinas....

"Quais as suas três maiores paixões?"

Acho tão capcioso esse negócio de ficar fazendo perguntas para depois te analisar... Espontânea, respondi no ato: Mulheres, Homens e Cães!

Pra quê?!
Porque maldito motivo eu fiz isso? Deve ser alguma coisa do meu subconsciente querendo me sabotar! Eu não queria falar sobre isso, aliás eu não queria nem falar com aquela pessoa. Dizem que "Peixe morre pela boca". É provável que escorpiões. Deixemos de fricotes e vamos às respostas que me deixaram ainda mais enrolada com minhas companhias indesejadas:

A ordem das minhas preferências também foi motivo de piadinhas...

AMO CÃES. Enfim, os cães.
Ai meu coraçãozinho...
Como eu adoro cachorro!
Tem uma publicidade que diz que "Cachorro é tudo de bom!", concordo! Ô bichinho bom de compartilhar, de amar, de ter por perto. Convivo com cães desde criança, e já aprendi tanto com eles, sobre amor, lealdade, dependência, sobre vida e sobre morte. Acho, inclusive, que toda criança poderia ter como direito incontestável a possibilidade de conviver com um animal dócil e poder conhecer como outros seres, que não apenas os humanos, podem ser maravilhosos! Aprendi muito mais sobre o amor observando os animais do que os seres humanos... por isso EU AMO OS CÃES!

Tudo na vida só tem sentido se estiver relacionado à outros seres. Não há lógica em viver só quando se pode ter pessoas ao nosso lado nos amando e sendo amadas por nós e animais queridos que são tão bons companheiros.

***
Sinto saudades das minhas cadelinhas, mas tenho esperança de que, em breve, voltarei a morar com elas, o que me enche de alegria.