2.10.12

Transbordando...


Só dessa vez. Só por hoje...

Hoje ouvi falar de traição e ouvi falar de lealdade.

Sem escolhas à fazer, sem caminhos à seguir, minha vida continua a mesma: um dia de cada vez. O conselho então seria "Carpe Diem"? Pois bem, aquele momento era meu, de mais ninguém e quis aproveitá-lo. Só isso.

Quem dera fosse só isso! Há coisas que se quebram e não se pode consertar, há outras que não se pode evitar. Evitei (tentei e falhei), fugi do que realmente queria, mas nosso inconsciente é traiçoeiro e faz o que bem quer da gente e mesmo que eu mudasse para os Andes, ainda assim daria um jeito de chegar mais perto, porque isso não é uma vontade, é necessidade.

Me sentindo uma cretina, a pior das pessoas, a mais vil e ainda assim há em mim uma sensação que dispensa palavras e me faz esquecer do que não quero lembrar, há algo que vai exigir de mim palavras, muitas delas... o reencontro, o momento exato em que precisarei do pouco de consciência que me resta.

Que tipo de gente eu sou?

Ouvi cada palavra, menos a minha. Ando sempre ocupada com a felicidade alheia, por isso é tão difícil ser feliz; que ninguém se engane, não sou altruísta, apenas gosto de estar rodeada de gente que ri de vez em quando e se eu puder fazer algo por isso, sempre vou fazer. A coisa mais linda da vida é o sorriso no rosto de quem a gente ama (faz muito bem pra gente!).

Egoísta.

Já a culpa é um sentimento ruim e feio que só existe para impedir que as pessoas sejam felizes. Só que nesse caso, não funciona assim. A culpa se encaixa perfeitamente e é o sentimento perfeito para corroer consciências e destruir o que encontrar de bom pelo caminho de quem é irresponsável. Me sinto culpada, fui imprudente com os sentimentos alheios, logo eu que sempre estou cuidando de todo mundo! Descuidei de mim e, de tabela, saí machucando quem não merecia.

O que me inquieta mais do que a lágrima que vi naquele rosto é o sorriso que vi em outro, parecia com o meu, mas só parecia. Eu estava feliz, de verdade. Como à muito tempo não ficava. Depois dos últimos dias tudo ficou tão triste, a graça se perdeu no momento em que tomei algumas decisões que tiraram de mim mais um pouquinho dos meus sonhos e quando penso que perdi de todo, a vida me dá um prêmio de consolação sem comparação. Me dei o direito de ser feliz por algumas horas, só pra saber como é e aqui entre nós, ser feliz é muito bom!

Me sinto mal por que sabem de mim, dos meus segredos. Culpada por estar feliz apesar da tristeza alheia, culpada de ser assim como sou e por não querer nada demais, culpada por só querer isso: A liberdade de poder amar, a liberdade de não precisar me esconder, porque amor não deveria ser proibido, mesmo o "amor não-correspondido", se quem amo me tem amizade, deixa assim, deixa ser o que puder ser. O que não pode é transbordar assim.

Amor é bom, liberdade ainda mais.

Ser adulto é ruim porque a gente aprende que nossa felicidade só pode se concretizar em coexistência com a felicidade dos que estão próximos, ninguém é feliz se magoa outros. Sou adulta desde muito tempo, ando cansada. Tentei desse meu jeito "afastar pra não machucar", mas não consegui, machuquei mesmo, pesado mas não, planejado. De vez em quando a vida resolve umas coisas que a gente não consegue. Não acredito em coincidência.

Tentei escrever uma história com as tintas que sobraram de outra, não funciona, agora tá tudo manchado e não tem muito pra recomeçar. A vida não tem borracha e se tivesse, o que eu faria? Como disse por aqui em outra vez, "na dúvida, não faça!". Por pior que possa parecer, naquele momento não tive dúvida alguma.

Corpo e alma.

 "Me sinto tão só.
E dizem que a solidão
até que me cai bem."
 Renato Russo





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