31.1.15

Tortuosidades


O enfado de poeta
prisioneira de um corpo falido.
Todo tédio da letra errante.
Guerras tantas

travadas na arena da incoerência de amante.
Dias inteiros perdidos
nos afazeres do medo.

Incompletudes várias de quem,
inutilmente, se procura no outro.
Absorto.
Passam ao largo dos caminhos sombreados, veredas.
Parecia fácil?
A fera, aos berros, ruge.
Eu estremeço.

Mereço o canto dos pássaros,
o voo incerto dos insetos,
a tarde nos parques,
onde deságuo o que transborda.

Sou poeta de campos abertos.

Mansa Dor



Ao passo que me canso,
amanso.

Tantas guerras travadas...
Vitórias-régias.

Perdi o tino, 
persisti no insight.
Não há pelo que lutar,
nem mágoa, tampouco desilusão.

Deixemos ao tempo
o fardo de apagar
o que não tem sentido
e só inspira solidão.

15.1.15

Antes das cinco

O silêncio dos corredores é quebrado antes mesmo da chegada do astro-rei, as mãos habilidosas que [pré]param os teimosos corpos contorcendo-se em dores, perturbam a quietude da manhã do novo ano.
Neste ofício do cuidar, o carinho de estranhas conta outra história de amor, revira as entranhas de quem cedeu à convicção de estar só.