28.2.13

Não me mande flores.




Repito: Não me mande flores.



Todas as vezes que recebi flores elas cheiravam à remorso... Havia um cheiro fétido e insalubre de culpa, uma aparência de morte nas rosas vermelhas que deviam estar lindas na floricultura.


A morte de um amor só acontece por conta da falta de flores, sabe essas flores cor-de rosa que se abrem em botões, com pétalas macias e delicadas em cada maçã do rosto quando a gente ri? Sabe aquelas rosas vermelhas de desejo entre nossas pernas que se abrem como labaredas de fogo num incêndio? Sabe o cheiro bom das flores que vem num café-da-manhã levado na cama depois de uma noite dormindo juntinhos? O amor acaba justamente por conta da ausência de flores.


Repito (aos gritos):
Não me mande flores!

Os espinhos de cada rosa morta embaladas num plástico e amarradas com uma fita vermelha me dão a náusea de quem já não mais as suporta.


Nestas novas manhãs colhi flores cultivadas em meu pequeno jardim, são flores do meu amor por mim.




Um comentário: