6.4.13

Canção de Despedida




"Amanhã ou depois,
tanto faz se depois
for nunca mais...
nunca mais"

Nenhum de Nós







Não consigo mais te escrever...

Não existe vontade. Não existe mais porque a vontade cansou de esperar e aceitou a verdade.

É bom te ver, é bom saber que você vibra quando estou feliz. Te vejo todos os dias, você agora parece ser parte da minha família, anda pela minha vida como quem anda na sala, na cozinha... Ainda te vejo e te sinto todos os dias, só que diferente. Eu achei que isso nunca fosse acontecer.

Meu amor agora é meu amigo e talvez eu não saiba como lidar com isso, há em mim um grande silêncio em relação à você, não estou acostumada com isso, sempre te amei, desde que te conheci e agora só sinto amizade, uma amizade forte, intensa e linda, ainda sim é só amizade... Não sei ser só tua amiga, apesar disso, agora só quero ser amiga. Acho que ainda não peguei o jeito.

"Vai dar certo!" não é isso o que você sempre me diz?! Tá dando certo, de alguma forma está. Agora começou um tempo diferente, sem amor, sem amados, só eu, sozinha... aqui e ali um romance, mas é só um romance, não me permito mais me entregar à quem não me quer, qual a graça?!

Ando feliz com com pequenas coisas, sobrevivendo à cada dia. Não sei se aguento como você. O que sei é que de tão parecidos tem horas que me sinto igual e não quero ficar como você, às vezes acho que você perdeu a esperança e não quero desistir de amar, mesmo quando o que tenho mais próximo de amor sejam alguns momentos...

Eu te perguntei e você disse: Se jogue! Não sou como você, bem queria ter a sua coragem... Queria ser forte como você. Da última vez que fiz isso caí de cara no chão, você sabe.

Você é o melhor confidente que eu poderia ter pois sabe perfeitamente como amo. Apesar disso ainda é difícil falar com você sobre isso. É difícil te dizer que penso em outra pessoa, mas eu penso e isso tem me feito bem. Não suportava pensar tanto em você, andava triste demais. Para variar estou de novo em uma relação sem futuro, com data para acabar. Validade: até eu me apaixonar.

Ando fazendo o possível para não me apaixonar, para ver se o que é bom dura mais. Hoje acho que meu amor é maldição, parece que sempre que alguém me interessa essa pessoa se torna automaticamente inviável. Ando cansada disso também. Aliás, ando cansada de amar. Logo eu, naturalmente amorosa. Logo eu, que tenho tanto amor dentro de mim, logo eu não posso amar!

Ando assim, meu amigo. Ando brincando de amar para não sentir a dor que é estar tão só. Você sabe, minha casa e minha vida estão sempre cheias, mas aqui dentro tem o vazio do amor, o vazio de não ser amada. Esse vazio me atordoa às vezes e me pego como hoje, pensando em você e em tudo que teria sido se fosse. Não foi, como sempre.

Será que vai ser sempre assim? Será que o amor nunca vai chegar? Ou será que Vênus me castiga porque rendi meu culto à Atena? Talvez. Tenho um monte de perguntas bobas como estas, queria tuas respostas agora... você sempre tem resposta pra tudo, né?! Não sei de mais nada e prefiro não pensar mais sobre isso. Só queria te escrever de novo para te dizer uma última vez que te amo, agora de um amor diferente, que não diminuiu em nada, ao contrário, aumentou. Meu amor por você agora é outro, maior e fraterno. Como você queria.

Te vi chorar esses dias e percebi que sou capaz de tudo para te ver bem, percebi que meu amor ainda está aqui, só que diferente. Com essa Canção de Despedida me despeço desse sentimento com pesar, o pesar de quem sentiu algo de bom, ao menos uma vez na vida, por alguém que valia à pena sentir. Meu colo e meu abraço sempre estarão aqui, assim como você nunca me negou os seus.

Priscilla.


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Escrevi e reescrevi esse texto 459 vezes e ainda ficou assim...
Não consigo mais te escrever.
Adeus, meu amor. Seja bem vindo, meu amigo.

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Das Coisas Que Eu Entendo
Nenhum de Nós


Oh meu amigo eu esperei
tanto tempo por respostas
e depois de tanto tempo

Ainda havia mais, pra esperar



Então eu sentei e esperei

E resolvi desprezar o tempo

Eu não sabia mais o que vestir
e eu não tinha mais pra onde ir



Você não ligou
quando eu disse para ter cuidado

E tinha razão

você precisa ser livre

Meus dias passavam rápido

como um sonho

E você disse que eu saberia facilmente

Como chegar aonde eu queria



Não há raiva, não há morte
Só arrependimento e amor
E disso tudo eu entendo muito bem

Você não ligou
quando eu disse para ter cuidado
E tinha razão
você precisa ser livre







Um comentário:

  1. Um escrita tão limpa, tão linda, cheia de ligações com outras poesias e histórias... Dá muito gosto de ler.

    Priscila, querida, às vezes me reconheço nos seus textos. A sensação de perda da " inocência" e das "expectativas" do amor romântico, mesmo que as eles tente se dar uma roupagem moderna. Com diz Vinicius de Moraes "A vida é a arte do encontro,
    embora haja tantos desencontros pela vida. Na desconstrução das verdades, de " falsas ilusões" muitas vezes existente apenas no mundo romântico das mulheres, principalmente, é preciso viver os encontros, lidar maduramente com os desencontros, sabendo a hora de chegar e a hora de sair desapegadamente. Na vida, seja nos relacionamentos fraternais seja nos relacionamentos amorosos, carnais o que é preciso levar são as experiências boas que te fazem evoluir... É o gosto por aquele autor do outro que te fez interessar, é o sabor do vinho que o outro experimentara em outro país, é o som e a melodia de uma música que marcou a vida do outro... É preciso, sobretudo, nesses encontros perceber o quanto eles nos fazem bem o mal. O quanto eles não estão a nos colocar numa posição subalterna, submissa ou podem tendencialmente evoluir para a não reciprocidade. E quando a mente influenciada pelas histórias de contos de fada, pelas novelas de amor, pelos filmes e livros românticos nos fizerem cair em malhas de ilusão, tentar, sobretudo, viver o presente. Dói, mas também é delicioso descobrir que as histórias que não são nossas e que não nos cabem precisam ser devoradas. Dá uma olhada nesse meu texto: Mulherfagia. http://descasulando.blogspot.com.br/2012/08/mulherfagia.html Bons ventos, querida!

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