5.10.12

Minha flor, meu bebê...



"Gosto muito de te ver leãozinho..."
Caetano Veloso



Tem gente, na vida da gente, que nos faz sentir mais gente.
Tem gente, na vida da gente, que faz todas as outras gentes parecerem tão pouco gente!


Lembro de poucas coisas de quando ela ainda não fazia parte da minha vida, lembro também da falta que ela faz quando vive sua própria vida e me deixa viver a minha... sou tão pouquinho sem ela e quando ela não está aqui meu mundo fica menor, sem graça e sem jeito.

 Minha mãe diz que eu a "criei" mas eu sei, (só não conto pra ela!)  que foi ela quem me criou... Ela me inventou assim como sou. Lembro que quando ela chegou eu deixei de ser tão importante para mim mesma e ela passou a ser tudo, lembro de enfrentar os gigantes para protegê la e de prometer que nada do que aconteceu comigo aconteceria com ela, eu a levava para todos os lugares e queria mostrar o mundo à ela. O que eu não sabia é que o mundo já era dela...


Ela veio alegrá-lo e deixá-lo ainda mais bonito, ela chegou e foi nos ensinando o amor, esse amor do qual ouvíamos falar mas nunca havíamos visto, esse amor do qual ela já parecia ter uma prática incrível, parecia já saber amar tudo e todos, fazia o amor se multiplicar com a facilidade que o vento tem em espalhar meus papéis cheios de palavras pra ela que nunca entreguei, eu a amo tanto que nunca consegui entregar nada que escrevi pra ela.



Ela é uma boba que me escreve e chora quando lê eu sou outra boba que não sei lidar com o amor que tenho por ela. Ela é a única pessoa do mundo com quem eu brigo, grito, xingo e fico amuada, tudo pela certeza de que ela me ama. Não há ninguém no mundo da qual eu tenha tanta certeza do amor, só dela eu cobro e exijo atenção, carinho e chamego  só dela! Os outros... Ahhh! Os outros não me conhecem como ela... os outros não sabem de nada! Ela não, ela me conhece inteirinha e, por incrível que pareça, ela ainda me ama!



Lembro perfeitamente do dia que a vi e percebi que ela já era uma mulher, lembro da aflição que senti ao ver aquela mulher linda vindo em minha direção, aquela mulher forte, inteligente e que tem o dom de deixar minha vida mais leve e feliz, aquela mulher cheia de planos, projetos, amigos e amores, aquela mulher que é tudo que eu sempre quis ser. Fiquei feliz e com medo, porque antes ela era minha e hoje eu sou dela.


Senti medo porque às vezes, ela parece uma pessoa inteiramente nova e me assusto e não sei mais quem é essa menina, sinto medo porque às vezes percebo que ela faz umas escolhas que fiz, boas escolhas, mas não quero que ela seja eu, ela já é maravilhosa e quero que continue sendo assim, autêntica!



Eu a vejo ouvindo as músicas que eu ouvia, vestindo roupas que eu vestia, lendo o que eu lia e tenho medo, tenho medo que esse exemplo que ela segue, o meu, não a faça feliz. Se de muitas formas tentei influenciá-la para o que eu achava que era o melhor, hoje tenho medo de decepcioná-la, mas também sei que ela tem que ser o que ELA quiser ser e não o que eu achar que é melhor pra ela.



Hoje o que mais me faz sentir falta de lá é vê-la andando pela casa, comendo besteira, falando sem parar, arranhando o violino ou se enfeitando toda pra quando o namorado chegar. O que mais sinto falta nela é dela todinha, de chorar em seu colo e pedir seus conselhos inocentes de menina, de quem ainda não experimentou dor alguma, de quem tá cheia de uma esperança inata, que acredita na vida e no amor.




Menina linda, que eu vi chegar, no colo da minha mãe, menina que tirou de mim a certeza de ser só, que veio cheia de beijinhos ensinar que amor é bom e fácil. Uma mulher intensa e forte, que sabe o que quer e não desiste até conseguir...







“Sem pensar em mais nada,
 fecho os olhos para esquecer.
Dorme, menina,

repito no escuro,
o sono também salva.
Ou adia."
Caio Fernando Abreu











8 comentários:

  1. Não pude deixar de comentar... Que mensagem linda de amor e cumplicidade, Priscilla Marx! Nos dias de hoje, há quem se questione da possibilidade de se viver relações de cumplicidade e de amor com familiares. Amor é algo que se constrói com o tempo, com cuidado, atenção... E sem dúvida nossas irmãs são amigas nos dadas pela natureza. Eu também amo muito as minhas! =ºD

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    1. Feliz por vc Anja, a minha vc conhece... doida que só ela! Menina-maluquinha, amo demais e me sinto privilegiada por ela existir em minha vida! Tudo de bom pra vc, minha amiga! Beijo grande.

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  2. Que lindo texto, Priscilla. Acho lindo como você despoja sua alma, aqui. Quantas verdades há em sua escrita. E este coração que explode de amor nas relações em que vives. Pude perceber, aqui. Quer dizer que minha amiga é fã de “O Vento Levou”. Vi esse filme quando garoto. Lembro-me vagamente da história. Não tenho, aqui, comigo. Vou ver se baixo ou, então, compro. Quero muito, sim, homenageá-la. No mais um abraço.

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    1. Obrigada, Maxwell! Aqui é o único lugar (além da minha casa, é claro!) onde eu me sinto inteiramente à vontade, aqui sou eu mesma, sem medos, sem travas. Aqui eu me exponho pra mim mesma, se, apesar disso, há pessoas como vc, que querem compartilhar esses momentos comigo me sinto ainda mais privilegiada. Quanto ao "E o vento levou..." sou fã sim, desde muito tempo, mas não se obrigue, o filme é muito antigo e longo, queria mesmo ler uma resenha sua sobre ele, porque ultimamente sempre que vejo um filme fico imaginando o que vc achou quando assistiu, imaginando sua impressão do filme. "No mais, um beijo."

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    1. Gostou, Estela? Que bom!!! Viu suas fotinhas lindas aí, né? Parabéns amiga, o ensaio que vc fez de Nana, conseguiu deixá-la ainda mais bonita, vc é incrível!

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  4. Não sabia que a tão famosa Cila irmã da Elainne tinha um blog, mas não pude deixar de me emocionar e de me alegrar com esse amor tão ímpar, tão bonito e tão raro.
    Elainne é a menina mais sábia que conheço, costumo dizer pra ela que ela não tem idade pra falar do jeito q fala, pra gostar do q gosta e pra dar os conselhos que me dá. Vc é uma menina eu digo, e ela diz "sou uma anciã no corpo de menina" e com aquele sorriso gostoso que desarma qqr um me encanta... Hoje é o dia dela, o dia dessa menina-mulher, que aprendi a respeitar, a admirar e que adoro desde que ela me xingou pela primeira vez... rs... Te adoro branquela...

    Cilla, parabéns pelo texto!

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  5. Lindo post, Priscila. Incrível como parece caber tanto num texto só.

    Beijos!

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