15.10.10

Lecionar é vocação?





"Sabemos o que somos,
mas não sabemos
o que poderemos ser."

William Shakespeare

Sou educadora. Vocacionada.

Enquanto profissional ainda estou no processo de formação. Como trabalhadora, passo pelo que o que tantas outras estudantes passam: as dificuldades de se manter em uma graduação, tendo que sobreviver dentro do sistema e, muitas vezes, sendo obrigada a escolher entre usar o pouco dinheiro que há para ir à faculdade ou para ir à procura de emprego. Preciso me alimentar. Cópias de textos, muitas vezes inúteis não podem ser mais importantes que a conta da água que chegou ontem... A Universidade é Pública mas não é de graça. Na sala o professor diz que é inadmissível que eu AINDA não tenha internet em casa e que, se eu quiser terminar essa graduação é melhor resolver esse problema(?), ele não faz ideia que esse é o menor dos meus problemas.

Orgulhosa de saber e sentir que esta é a mais importante de todas as profissões, que a capacidade de ensinar e de transmitir saberes é algo faz de nós, seres humanos o que há de mais belo e complexo em todo o reino animal.
Sabemos das dificuldades dessa profissão. Sabemos que ela não é a desejada pela maioria dos secundaristas; que, segundo a Fundação Victor Civita, 80% do alunado nem pensa na possibilidade de seguir a carreira docente; sabemos que essa Nossa profissão se tornou sinônimo de dificuldades financeiras, além do constante risco de sofrer agressões físicas, etc.

Apesar de todas as dificuldades, sabemos que por outro lado essa profissão vale à pena por ser uma vocação, nós (ao menos a maioria de nós) fazemos o que gostamos e isso é precioso, muito gostariam de poder ir ao trabalho, sentindo-se bem por estar fazendo algo pela sociedade, algo para melhorar o mundo, fazendo algo por si mesmos. Todo professor sabe o quanto é possível crescer enquanto ser humano, como nós temos a possibilidade de melhorar, porque isso é exigência da nossa profissão, precisamos ser pessoas melhores, devido à influência direta que exercemos sobre os outros.

É uma profissão linda, embora sempre existam aqueles que estão aqui por “falta de opção” ou por "preguiça de tentar outra coisa”, além daqueles que não tem um compromisso com a educação , fazer o quê? Façamos nossa parte. 

Eu jamais seria tão feliz se fizesse outra coisa...Lembremos que é nosso papel lutar e reivindicar melhores condições de trabalho, salários compatíveis e dignos, currículos adequados à realidade, entre outras reivindicações da categoria, mas isso só pode ser feito se estivermos organizados e acreditando que é possível mudar esta realidade obscura.

O meu desejo é que nós possamos ser agentes de transformação social mesmo com salário baixo, mesmo desvalorizados, em nossas salas de aula sucateadas, com poucos (ou muitos) alunos, mas sabendo quem somos e o que podemos fazer por nosso povo, por nosso país e acima de tudo, por nós mesmos!



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